O craque Manoelzinho

Por: Raimundo Gonçalves

MEMÓRIA MANOELZINHO

Nosso craque de hoje foi na verdade um atleta que muitos treinadores gostariam de ter em seu clube, pela habilidade, garra e responsabilidade de vencedor. Mas, de uma paciência curta e intolerável pela injustiça, talvez isso tenha marcado um pouco esse jogador, como um craque cabeça quente e isso com certeza o prejudicou para que pudesse brilhar mais no nosso futebol. Dono de um controle de bola em velocidade impressionante e arrancadas sensacionais, fizeram desse jogador um atacante temido dentro das quatro linhas de campo, defendendo o Leão ou Pantera, escreveu o seu nome como um dos pontas esquerda moderno do futebol santareno. Manoel Rodrigues Tavares Filho, o Manoelzinho.
Nasceu numa família humilde na cidade de Faro, de onde saiu com sua família aos nove anos de idade. Santarém foi o seu destino, aqui chegou e se instalou no Bairro da Prainha e logo fez amizade com novos colegas para brincar de bola, na Praia da Vila Arigó. O gosto pelo futebol foi além, quando se mudou para o Bairro de Nossa Senhora das Graças e conheceu o desportista Vicente Silva, e o seu inesquecível “Palestra”, clube de grande repercussão na cidade por revelar bons jogadores. E foi lá que começou a vestir as suas primeiras camisas de clubes. Bem pertinho do local tinha o clube do São Cristóvão, e as amizades foram fundamentais para o garoto começar a ter a sua oportunidade de jogar na 1ª Divisão do Campeonato santareno. E aos 17 anos de idade, já estava estreando no nosso futebol maior, pelo São Cristóvão de Antonio Marçal, Carlito, Basílio, Sotelo, Jeferson, Maneca, Cacareco, Pérsio, Sibeik, Cristóvão, Nelson, entre outros. Manoelzinho teve um bom desempenho com seus companheiros, que levaram o clube do alvosa se classificar entre os quatro melhores do campeonato.
No ano seguinte foi cumprir o seu projeto e da família, servir a Marinha de Guerra em Belém. Em 1976 retornou para Santarém e pelas grandes amizades que fez, continuou a jogar no seu São Cristóvão. No ano seguinte foi convidado pelo desportista Amazonas, diretor do América, que naquele momento estava formando um time para a competição santarena.
Foi no time americano, que mostrou o seu potencial. No final da competição, Assunção e Zizinho convidaram o amigo para ir jogar no São Francisco. O clube estava mesclando um elenco de jogadores experientes e jovens, com o treinador Odemar de Sousa, Manoelzinho ganha a posição de um ponta meia, para explorar a sua velocidade e sua habilidade em armação de jogo, tornou-se um dos jogadores mais importantes do esquema de Odemar de Sousa.

Em 1978 foi o ano do jovem Manoelzinho,de 22 anos de idade,pois Ganhou o seu 1º título de maneira sensacional, quando o São Raimundo era o favorito por ter na época uma super-equipe para o certame. Com a vantagem que o adversário fez durante a competição, o time azulino teria que ganhar o 1º jogo e o 2º para poder ser campeão. E foi no 1º jogo, que a estrela de Manoelzinho brilhou. Marcou o único gol da vitória de 1x0, avançando para ganhar o título quase impossível. Um gol feito com maestria dos craques do passado:Zizinho e Aleixo tabelaram até o meio de campo, depois a bola foi lançada para o lateral Assunção, que cruzou por cima dos zagueiros Renato e Figueirôa. O nosso craque entrou fechando pela esquerda e se antecipou do lateral Carlinhos Bendelak, que na disputa da bola foi traído pela velocidade de Manoelzinho, que num toque lhe roubou a bola, em seguida deu um corte em Renato e outro no Figueirôa e ficou de cara com o goleiro Raul, gingou para o lado e antes da chegada de Laurimar, empurrou para dentro do gol. Era Manoelzinho fazendo a sua festa. O Leão entrou em campo com o time base assim: Riomar, Assunção, Manoel, Bené e João Alberto; Aleixo, Zizinho; Edu, Carlinhos e Manoelzinho. Depois veio o 2º jogo, 0x0 no tempo normal e na prorrogação, nas penalidades o Leão foi Campeão.

“Só Deus sabe o que passamos para 

ganhar esse título, foi um sufoco 

danado, por causa da forte 

equipe do Pantera”, 

Declarou Manoelzinho.

A direção do Leão deu um prêmio pelo título. Manoelzinho ganhou uma passagem para casar em Belém e uma carta de apresentação para treinar no Clube do Remo, mas resolveu voltar para Santarém e continuar sua nova vida no Leão, mas as coisas mudaram, outro treinador assumiu e as perseguições de certo jogador da equipe com a sua pessoa, lhe tiraram do sério e teve de reagir para não ser humilhado, foi quando a diretoria e ele acharam melhor, o seu afastamento do elenco para evitar danos maiores aos dois.
Convidado para jogar no São Raimundo, em 1980 foi somar no clube alvinegro e conseguiu ser campeão e logo em seguida bicampeão, mas o clube perdeu esse título de 1981 no tapetão.
Seu trabalho nos Correios começou a dificultar de jogar na primeira divisão e passou o ano de 1983 sem jogar em nenhum clube. Não queria arriscar sua estabilidade no seu novo emprego, afinal estava ali o seu futuro e da  sua família. No ano seguinte, Tomé Guimarães, então treinador do Fluminense, lhe fez um convite para jogar no tricolor, que preparava um bom time para a competição de 1984, e que ele não precisava treinar todos os dias como os outros, pois conhecia o seu potencial e queria contar com ele para ajudar o clube a ser campeão. Manoelzinho aceitou, mas não estava feliz, por não poder participar dos treinamentos como os seus colegas e não seria justo pra ele essa condição. Mas aceitou para somar com o grupo e foi muito útil no plantel do Fluminense, que chegou a ser vice campeão. E assim, com 28 anos de idade o nosso craque abandona os gramados da primeira divisão e foi jogar nos peladões da cidade, onde ganhou vários títulos pela equipe do Barbosão e logo vieram outras equipes como Decolores, Pinga Bar, entre outros. Jogou na equipe dos Correios e hoje continua jogando suas peladas no Master do São Francisco e a convites dos amigos. Manoelzinho éfuncionário público Federal nos Correios e Telégrafos é casado com dona Augusta, e dessa união vieram os filhos queridos: Paulinho (30), Carlinhos (29) e Greicy (24).

SÃO FRANCISCO FUTEBOL CLUBE CAMPEÃO 1978

                              EM PÉ: RIOMAR, ASSUNÇÃO, ALEIXO, MANOEL MARTINS, BENÉ E JOÃO ALBERTO. 

                               AGACHADOS: EDILSON, CARLINHOS, ZIZINHO, EDU E MANOELZINHO.

Raimundo Gonçalves