DIVIRTA-SE COM ESSE JOGO

HOMENAGEM

Nego Otávio anos 50
UM PANTERA VERDADEIRO
As boas coisas de nossas vidas não devemos esquecer. Principalmente, quando elas foram além da nossa imaginação, fazendo a arte aqui na terra e principalmente no mais empolgante esporte do mundo, o futebol. E esse nome que estamos homenageando hoje, está na lenda do futebol santareno. Olhar sereno, um corpo ágil e muito esperto. Sua altura combinava com a de um xerife de respeito e categoria na linha de zaga por onde jogou.
Não corria e nem andava em campo, simplesmente desfilava com elegância de nobre guerreiro da bola. Otávio do Espírito Santo de Almeida, ou simplesmente Nego Otávio, como se consagrou no nosso futebol. Um símbolo fiel do São Raimundo. Mesmo depois de se despedir dos campos de futebol, continuou no clube, prestando serviços voluntários, como um verdadeiro abnegado alvinegro. Hoje queremos homenagear essa família querida, que tivemos o prazer de conhecer nas nossas visitas que tínhamos a residência do nosso inesquecível Nego Otávio que sempre quando existia  oportunidade de conversarmos, comentava sempre sobre a sua paixão pelo futebol e amor pelos dois clubes que aprendeu a amar. São Raimundo e Botafogo.
QUASE FOI DO LEÃO
Acreditem como um fiel Pantera Negra esteve a um passo de se tornar um Leão Azul. Foi no início de sua carreira, que tentou a sorte no juvenil do São Francisco e chegou a treinar com notáveis azulinos como: Cecebuta, Manoel Luiz, Baruca, Búfalo, entre outros. Mas a viagem para Belterra a chamado do seu irmão mais velho para trabalhar, acabou com o possível entendimento com os azulinos.
Em Belterra uniu o útil ao agradável, quando descobriram que ele era craque de bola. Trabalhava e jogava no Ypiranga, clube da cidade. Mas, não demorou muito tempo, voltou a Santarém e entrou na irmandade dos Marianos, e juntamente com outros craques defendeu a forte equipe, que tinha o mesmo nome. Era comandado pelo notável dirigente, Odorico Almeida.
Estavam lá jogadores que jogavam no São Raimundo como: Waldemarino, Cecy, Moacir e Valdomiro. Cecebuta e Zé Maria Pretinho, do São Francisco.
Odorico Almeida,Rosinaldo do Vale e Nego Otávio
A SUA GRANDE PAIXÃO
Nasce a grande paixão pelo pantera. Levado por Odorico Almeida tornou-se um zagueiro inesquecível dentro do plantel alvinegro,fez parceria na zaga com várias gerações e nomes como: Água Preta, Chicó, João Gogó, Orlando Cota, Rubens Cachorro, entre outros. Poderia ter sido Campeão em 1949, 1957, mas não foi, e uma das suas maiores tristezas era essa. Nunca ter sido Campeão pelo seu São Raimundo. Foi às várias saídas de Santarém para trabalhar e jogar fora da cidade, que o impediram de ser campeão. Pois nos momentos que o clube disputava os títulos, ele sempre estava fora.
O PAYSANDU
   
Dr. Anacy, foi seu diretor em Belterra, quando lá trabalhava e conheceu o talento do nosso xerife Nego Otávio, inventou a sua ida para trabalhar em Belém, mas na realidade, o diretor queria mesmo era levar Nego Otávio para jogar pelo Paysandu, mas se falasse para ele, que seria levá-lo a capital para jogar, ele com certeza não aceitaria sair do seu São Raimundo. Mas as coisas foram feitas certinhas, lhe deram um emprego e ele Jogou pelo Papão seis meses.
Os cartolas do Paysandu se encantaram pelo futebol do nosso craque, depois que viram o show do negão, no empate em 1x1, no seu primeiro REXPA. A partir daí, nosso craque percebeu que dificilmente retornaria a Santarém, o assédio dos dirigentes o incomodava. Porém, a saudade da sua mãe querida, Gregória, e da sua cidade foi mais forte. Procurou o departamento de futebol do clube e disse que queria voltar para a sua cidade.
De início os diretores tentaram convencê-lo a não retornar, mas quando viram que ele não mudaria a sua opinião, desistiram.
A VOLTA PRA CASA
Nego Otávio voltou a Santarém, onde foi recebido pela cúpula do São Raimundo: Elpídio Moura, Everaldo Martins, Odorico Almeida e Moacir Miranda. Recomeça a grande jornada para o xerife alvinegro, que segurou tranqüilo a sua posição, não só na equipe titular do Pantera, mas no selecionado santareno para as diversas partidas amistosas, que tinham na época.
Uma das mais comentadas foi a que marcou para os santarenos como a mais completa, com craques de alta qualidade, em 1947: Gerson Marinho (SR), Nego Otávio (SR) e Cecebuta (SF); Orlando Cota (SR), Valdomiro (SR) e Zé Maria Pretinho (SF); Noronha (SR), Cacete (SR), Beleza Preta (SR), Bechara (SR) e Dedê (SF). Como xerife ele continuou, firme e clássico, nunca foi expulso e contou que se tornou o batedor de pênaltis no seu time, desde que cobrou e marcou uma penalidade, foi o batedor oficial do time, até o trágico dia que o seu Pantera precisava empatar um jogo em Belterra para não perder foi então que Surgiu um pênalti e ele foi cobrar como sempre fazia e ao chutar, a bola caprichosamente foi para fora e ele nunca mais quis bater pênalti, mesmo com a insistência de seus companheiros.
FEZ BONITO NA BOLÍVIA
Porto Velho estava na fase de construção de ferrovias e precisavam de muitos homens para demandas de trabalhos e para quem jogava futebol, o currículo era aceito na hora. Nego Otávio e Cacete foram os primeiros jogadores a ir atrás desse emprego federal. Lá novamente uniu o útil ao agradável, foi defender a equipe do Ferroviário comandado pelos militares. Para a alegria dos coronéis os brasileiros faziam excursões para fora do país e traziam vitórias sensacionais, principalmente da Bolívia, onde os nossos craques se destacavam inclusive Nego Otávio. Outros alvinegros famosos se juntaram a eles como: Bechara e Queixada. De Volta a Santarém, nosso craque mostrou a sua categoria aos amazonenses, torcedores do Fast Club e de passagem por Itacoatiara, um aperitivo do seu bom futebol, num jogo amistoso.
Em Santarém retornou para o seu querido São Raimundo, onde permaneceu por mais de 16 anos como jogador, depois virou abnegado no clube, que mais amou.
A FAMÍLIA
Nego Otávio teve que se submeter a várias cirurgias no joelho, e depois optou pela profissão de pintor, onde trabalhou até os 70 anos, depois, sem condições de se locomover direito, teve que optar por uma cadeira de rodas, mas nem com essa mudança de um atleta para um cadeirante, pode entristecer o homem de fé e de alegria entre os amigos e seus familiares. Contou sempre com o carinho familiar. Amor e amparo legal da família. Não se intimidou com a cadeira, chegou a participar de um baile, onde sua neta completava 15 anos, e para o delírio de todos, dançou a valsa. Nada entristecia esse nobre atleta, que se dedicou ao clube que aprendeu a amar e a família a qual ensinou o verdadeiro amor de família.
Pelas vezes que fiquei conversando com ele, ainda lúcido, ou em outras ocasiões onde ele já estava com pouca memória em razão da idade elevada,  pude testemunhar o aconchego familiar que recebia cheio de carinho e amor.
Nego Otávio faleceu em 27 de Setembro de 2007, aos 85 anos de idade. Se estivesse vivo, faria 89 anos, neste dia 15 de Maio, (Domingo), com certeza seria muito comemorado.
ESTA É UMA HOMENAGEM ESPECIAL A NEGO OTÁVIO E SEUS FAMILIARES.
MARIANOS FUTEBOL CLUBE 1946
EM PÉ: ODORICO ALMEIDA, ROQUE GOMES, ZÉ MARIA PRETINHO, WALDOMIRO, WALDEMARINO E ZÉ MARIA CALANDRINHO. DE JOELHOS: ÉLVIO FONSECA, CECEBUTA E MOACIR. SENTADOS: CECY, SABÁ BODE E NEGO OTÁVIO. 
     Anos 50                                      Ano de 2007

Santarém, 14 de Maio de 2011.
Raimundo Gonçalves.            


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