Esse garoto que não fica velho foi sorteado para ser homenageado no mês de Maio, como presente de seu aniversário, no próximo dia 26.
Nasceu com o dom de ser um craque no futebol e na vida como cidadão. Adulto mostrou como atleta o que poucos mostraram dentro de campo, um verdadeiro artista, e como tal, foi escrevendo seu nome em outras artes, as quais o fizeram um ser diferenciado na sua cidade, como Jogador de futebol foi campeão por diversas vezes nos clubes mais tradicionais da cidade.
É um astro na música, toca violão e conhece muitos segredos dos acordes musicais, compositor de mão cheia, já compôs sambas de enredo e foi campeão nas escolas de samba de Santarém. Francisco Assunção Moreira de Aguiar, o Assunção.
Hoje os novos torcedores que o São Raimundo conquistou passam muitas vezes esbarrando nele, nas dependências do Colosso e não sabem quem é aquele cidadão. Com o olhar manso, pisadas lentas, e sem chamar atenção para si, já foi um dos maiores ídolos do nosso futebol. Habilidade, técnica, versatilidade, garra, são algumas das muitas qualidades do nosso craque Assunção.
Essa vontade de conhecer sempre mais e ir em frente sem temor ganhou do pai, o cabra macho maranhense, Francisco Barros de Aguiar, desbravador dessa imensa Amazônia, nos lugares mais fechados da selva, onde conheceu Otila Moreira, mãe de Assunção, nome já traduzido do indígena, onde de fato ela nasceu, e cedeu ao filho esse olhar desconfiado e penetrante, como se tivesse sempre pronto para dar o pulo do gato para caçar ou fugir do perigo e também a patente de guerreiro. E isso ele fez várias vezes para conquistar os títulos que disputou e pela formação que conquistou.
A criação não foi fácil para Assunção, que tinha nos seus pés a guarda sem trégua do seu irmão Norato, irmão mais velho, que impedia, que o garoto jogasse a sua peladinha com os amiginhos vizinhos. “Nada disso, o que tem mesmo é estudar e pronto!” Dizia seu irmão. E Assunção obedecia religiosamente, pois sabia que era para o seu bem, e não adiantava não aceitar, iria prestar contas com o irmão “brabão”.
Hoje garotos já disputam títulos com a idade de 16 anos, enquanto Assunção apenas iniciava a sua carreira no futebol. Vicente Silva, e seu eterno Palestra, estavam lá para receber o pequeno craque, que se tornaria a sensação dos clubes santarenos. São Cristóvão, América e finalmente o primeiro encontro com um dos clubes mais tradicionais da cidade, o São Francisco Futebol Clube. Odemar de Sousa era o treinador do Leão na época, 1977 e gostava de dar oportunidades para garotos, que se destacavam nos clubes considerados pequenos. Assunção tinha apenas 17 anos. Na época o clube contava com bons jogadores nas diversas posições e a chegada do nosso craque para os treinamentos, mexeu com o brio de alguns deles, e talvez um desses tivesse vendo o seu futuro com a chegada do garoto, por isso, num diálogo pretensioso ou enciumado foi soltando a língua: “Mas é esse Piralho que veio para a lateral do Leão?” O Piralho virou craque e assumiu a posição de lateral direito e no início do Campeonato de 1978, ele já era titular absoluto e Campeão santareno.
A boa atuação no campeonato no 1º título foi o passaporte para segurar no ano seguinte a camisa nº 02 e confirmar o seu talento como jovem bom de bola, naquele time de experientes. Valdo Abdala foi seu professor e mestre. Lapidou o jovem atleta para seguir fazendo sucesso no nosso futebol. E veio o campeonato de 1979 e a expectativa de vencer o bi-campeonato. Não foi fácil por que o seu principal adversário tinha um time de primeira qualidade. Foi campeão Intermunicipal em Belém, representando a Seleção santarena. O Jogo foi tão disputado que terminou empatado no tempo normal e na prorrogação. Vieram as penalidades e o coração de Assunção começou a bater forte, quando foi escolhido para cobrar o ultimo pênalti. Cobranças empatadas até as quartas cobranças. Quando o Laurimar perdeu o 5º pênalti, a andrealina tomou conta do jovem. Foi para bola pensando em Deus, na família e na torcida, estava ali naquele momento e nos seus pés, o título para o São Francisco. “Chutei e a bola entrou, a emoção foi tão grande que até hoje eu me emociono, quando conto desta conquista, onde eu fiz parte com muita garra e determinação.
REPORTER DA GLOGO NÃO CONSEGUIU LEVÁ-LO
O título perdido, em 1980 foi a 1ª desilusão no futebol, mesmo assim, logo se restabeleceu com o convite para jogar em Roraima para defender a equipe do Ríver na Copa da Amazônia. A decisão foi no Acre contra o Rio Branco, que levou a melhor. Mas uma decepção para o nosso craque, porém, dentro de campo ele foi o melhor. Jogou tanto que encantou o repórter Maurício Menezes, da Rede Globo, que na volta do Acre passando por Santarém, o repórter quis levá-lo para o Rio de Janeiro para ele fazer teste no Botafogo, por conta dele. Muito novo, sem saber o que era melhor para ele, não aceitou o convite e ficou em Santarém. Voltou para o Leão e muitas coisas mudaram em sua vida. Ganhou 05 títulos quase consecutivos e o emprego através do concurso no Correios e Telégrafos, a conciliação para trabalhar e jogar ao mesmo tempo e foi nos na Seleção dos Correios que ele jogou e ganhou a Seleção de São Paulo para ser Campeão, não precisa dizer mais nada sobre o que fez por lá. Foi contratado pelo Clube do Remo, Paysandu e Nacional de Manaus. De volta a Santarém, ajudou Jasson Macambira a fundar o Tapajós, depois começou a escrever a sua história de vencedor no São Raimundo. E neste clube teve a glória de ser tri-campeão santareno, onde foi um dos melhores em campo. Como prêmio do título o elenco todo ganhou uma viagem a Belém para assistir o jogo, Brasil e Chile. Apesar da derrota do selecionado brasileiro por 1x0, o plantel alvinegro não poderia se desmotivar e o seu presidente, Wilmar Freire arranjou um jogo amistoso com o clube todo poderoso da época, Clube do Remo. O São Raimundo jogou o fino do futebol, surpreendendo o Leão Belenense dentro de seu próprio campo e venceu por 2x1. Apesar de Assunção ter marcado a sua presença em campo como um dos melhores, o maranhense Waldo, foi a sensação do jogo, levando a torcida santarena, que mora em Belém, ao delírio, com a sua atuação de super craque. A seguir o nosso craque, até se formar como professor de Educação Infantil ficou se repartindo entre o Leão e o Pantera, conquistando títulos. Mas, tinha também o compromisso de mostrar o outro lado de seu talento a música e nasce assim o grande compositor de sambas enredos, com ele outras conquistas no asfalto da alegria, o nome Assunção vira símbolo no talento musical. Quem quiser bater um papo com o craque Assunção, ele estar trabalhando no Colosso do Tapajós.
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| SÃO FRANCISCO FUTEBOL CLUBE - 1984 VALDO ABDALA, ASSUNÇÃO, BELTERRA, ZÉ LIMA, ZÉ AUGUSTO E ALAÉRCIO. AGACHADOS: JOÃO BATISTA, ISAAC, LÉO, BIGORRILHO, FILIBA E ARROLDINHO. |
Santarém, 21 de Maio de 2011.
Raimundo Gonçalves.







