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Memória do Maneco

MEMÓRIA DO MANECO
No mundo do futebol vimos sempre algo diferenciado dentro de campo é uma nova era aparecendo, e a expectativa do que vem aí mais um craque de bola no nosso imenso torrão de estrelas. Mas lá adiante, a gente não vê mais, e vem a pergunta: porque não apareceu como nos pensávamos? E por onde anda aquele garoto bom de bola? Isso acontece e aconteceu com muitos dos nossos jovens, que preferiram tomar outros rumos de segurança na vida futura, ou uma aventura que desse certo. Nosso craque de hoje é um deles, que apareceu como um raio nos olhos dos desportistas. Com um fino trato com a bola nos pés, qualidade de passes e chutes impressionantes, um cobrador exime de pênaltis, e humildade acima de tudo. Irmão de uma família que respirava o esporte, onde um deles foi um dos melhores laterais esquerdo, que já tivemos em Santarém, o Acari. Manoel José Pereira de Siqueira, ou simplesmente Maneco, como é conhecido entre seus familiares e amigos. Santareno da gema começou acompanhando seus irmãos que jogavam suas peladas no campinho da Escola Barão do Tapajós. Foi atrevido com a bola nos pés, e muito cedo se tornou o molequinho que brincava no meio dos adultos. E nas peladinhas com os amigos como: Brinquinho, César, Leonan, Laurimar, Ira, Paulinho Messias, Sapo, Jararaca, Haroldo Bode, Macaquinho, Mapa, Chico, Bimbinha, Dabasílio, Miguel Moça, Guede, Miguel Cabinha, entre outros que juntos a maioria foram parar na juvenil da JOC. (Juventude Operária Católica), comandados pelo Orlando Pereira, um autêntico católico, que através do esporte incentivava os garotos a terem uma vida disciplinada e cristã. Com 13 anos Maneco foi convidado a jogar no São Raimundinho comandado pelo seu Hildon Santos. Futebol vistoso, fez logo sucesso no time alvinegro, e incentivado pelos seus amigos de clube foi defender as cores do Aspirante do Morango, um clube tradicional do Bairro da Aldeia,comandado pelo desportista Felipe Castro.
 E no time da Aldeia se juntou aos companheiros de clube, Bimbinha, Reis, Caximbo, Ratinho, entre outros. Com um corpo pequeno e altura que não chamava atenção, nosso craque superava tudo isso, com o talento com a bola nos pés. Em algumas oportunidades de jogar no time de cima do Morango, foi visto com outros olhos de desportistas, e o seu próprio irmão, Acari, que já era estrela no São Francisco, o levou para jogar no time base do Leão, que já contava com outros jovens bons de bola em seu plantel. Como, Edimar, Baú, Pinto, Mário César, Edu, Binga, Botica, entre outros. O sonho do garoto em jogar num time considerado grande estava para se realizar, queria ser um jogador de futebol, mas precisava se manter como jovem cidadão, e para isso a diretoria prometeu um emprego a Maneco, o tempo passou e o emprego não aconteceu. Em busca de um lugar, não só no gramado, mas para o seu sustento, aceitou jogar no Veterano de Sebastião Caldeira, que era dirigido pelo Orlando Pereira, o mesmo que lhe dirigiu na JOC. E pra lá foi juntamente com Lula, Pio, Fernando, Zildo Jucá, Rocha, Manoel Caruá, entre outros. Bons momentos se passaram, mas do Veterano, também não veio nada. Foi aí que apareceu o Ivailton, companheiro de bola e vizinho, que trabalhava na Loja Pernambucana e conhecia muito bem o potencial do garoto dentro de campo, e conhecendo também o seu patrão, Moacir, gerente da loja, que era louco por futebol, levou Maneco para trabalhar e jogar pelo time Marca Olho. Foi-se o sonho de jogar num time grande, mas ali, uniu o útil ao agradável iria jogar bola e estava empregado. O time da Pernambucana ficou um time quase imbatível, onde o famoso goleiro Genésio se dava o luxo de jogar como atacante. E o título veio em 1970, na competição, que o Marca Olho participava o Campeonato Suburbano.
 Maneco tornou-se uma das estrelas do time, formando o meio de campo com o grande mestre Ivailton. E montaram um esquadrão inesquecível: Lamparina, Verde, César, Luiz Serra e Pifite; Maneco e Ivailton Fonseca; Cruz, Wanderley, Pery Abatiá e Fiapo. Gente, eu vi esses jovens jogar eram feras dentro de campo. Sempre em busca de uma vida melhor, Maneco não se acomodava, e logo depois de uma boa prova para bancários, foi aprovado e começou a trabalhar no Banco Nacional. Lá tinha vários craques de bola, e como não tinham tempo para treinar e jogar futebol de campo formou-se um time de Futebol de Salão e nas horas vagas jogavam nas quadras da cidade, e junto dando shows estavam Mouzart, Carlitinho, Vivi, Toró, entre outros. Em 1973, deu-se sua transferência para o Banco Real e a possibilidade de jogar no time do América. Uma das formações, que Maneco teve o prazer de jogar foi este: Walkir, Arinos, Silas, Chico Lins e Boquinha; Maneco, Hermínio e Vieirinha; Idiel, Gilson Campo e Vivi. Entre os bons jogadores americanos, ainda podemos mencionar outros que faziam parte do grande elenco, Pimentel, Coelho, Baú, Tomé, Jumbal Cabral e Paulo Ivan. Pelo time americano podemos mencionar um jogo, em que o Maneco arrebentou, marcou um dos melhores jogadores do time visitante, São José de Macapá, mas uma vez fez valer o futebol arte com a bola nos pés e marcação por antecipação, sem falta, essa era uma das qualidades do Maneco. Quando ele saiu do Banco Real, pode treinar mais a vontade e foi defender o São Cristóvão de Jorjão, Carlinhos Bendelak, Cacareco, Nenê, Pércio, Tito, Sibeyk, Nelson, entre outros. O time conseguiu a classificação entre os quatro melhores do Campeonato, com direito a jogar a Taça Cidade de Santarém. Depois Maneco foi jogar no time dos municipalistas, time dos funcionários da Prefeitura que jogavam o Peladão.
Em 1980, Maneco se despede de Santarém para acompanhar o seu irmão Acari, com negócios no Garimpo do Tapajós, trabalhou por lá dois anos, depois acompanhou seu cunhado para a Serra Pelada, onde permaneceu por mais de quatro anos. Ali pode mostrar o seu talento com a bola, nas horas de folga e até ser notável para aqueles que entendiam de futebol, mas naquele lugar a estrela maior era a pepita de Ouro. Na serra Pelada viveu momentos inesquecíveis de uma trajetória desconhecida para ele, que muito lhe impressionou. Uma vida espetacular, entre milhares de homens em busca da fortuna ou de uma vida melhor. Tantos acontecimentos fantásticos, que nunca mais poderão ser vistos e nem esquecidos. O contato com a estrela maior, dava choque ou o corpo estremecia, ao pegar uma Pepita de Ouro pesando mais de 1.kg. Imaginem as mais pesadas que eram tantas. Agora Serra Pelada é um passado. Maneco vive em Santarém como pequeno comerciante, e muito feliz juntamente com a sua família, seus irmãos, a esposa Lourdes e a filhinha Geruja (11), mas ainda jogado suas peladas nos finais de semana no campo do Iate Clube no time, do Novo Arraial.

Santarém, 25 de Julho de 2011.  
Raimundo Gonçalves    

TRADUTOR DE BLOG