Essa é a pergunta para antes do clássico RaixFran. Esse confronto sempre foi motivo de alegria e desatinos de jogadores e dirigentes, depois de cada partida envolvendo as duas feras. No passado distante houve o primeiro confronto quase que fatal a um duelo de socos, não fosse a turma da deixa - disso. Simplesmente, quando um desportista da cidade imaginou um nome ao clássico já famoso. Quando veio com a idéia de RaixFran. Quase apanha de um atleta alvinegro, que tinha o nome reduzido de Raimundo para Rai, e pela sua ignorância, entendeu que o desportista criativo, queria gozar com sua cara utilizando no nome do clássico, o seu nome de guerra como atleta. Mas, tudo terminou sem machucados e nasceu assim o FranxFran. Nessa trajetória de tantos confrontos pelos quase 70 anos, muitas são as histórias envolventes, antes e depois das partidas.
Já teve jogador titular absoluto, que não entrou em campo pela forte dor de barriga inesperada, minutos antes da partida começar. Ou aquele atleta, que inventou uma contusão no treino de apronto. Isso tudo era normal, por que essas partidas de fato, mexiam com a cabeça, as pernas e a barriga, mesmo. Porém, tinha aqueles, que contavam no dedo o início deste jogo para entrar em campo, e suar até sangue para sair de campo com uma vitória. Ou aquele, que bateu o pé e jamais aceitou jogar no time adversário, em toda sua vida para não contaminar seu corpo, com cores que jamais aceitaria o seu corpo. É minha gente, o RaixFran não é só um jogo dos dois clubes de maiores torcida do Oeste do Pará. É um encontro imprescindível, onde nunca você vai saber, o que acontecerá antes de terminar o jogo. Em RaixFran, não existe favorito. Nenhum quer ser menor, neste clássico. 
Não tem David, nem Golias, aqui todos dois são gigantes. Temos histórias hilariantes sobre craques que defenderam essas equipes tradicionais. No São Francisco, o seu João, o saudoso Cecebuta, nunca jogou no São Raimundo. “Jogador que se preza dentro do Leão, não veste a camisa do São Raimundo, mas, nem morto!” (em memória). No São Raimundo, o seu Francisco, o inesquecível Inacinho, também, nunca jogou no São Francisco, e na sua constantes brincadeiras falou: Só não aceitei as grandes propostas do São Francisco em vestir a camisa azulina, por que o médico Everaldo Martins, me dizia, que eu tinha alergia a cor azul! Esses dois jogadores eram os que aguardavam o jogo RaixFran para sair vitoriosos de campo, pois podiam ganhar todas as partidas de clubes participantes do campeonato, mas se não ganhassem um RaixFran, de nada adiantava. Hoje, as coisas mudaram, e o clássico teve os seus momentos especiais, mas depois com a entrada dos dois clubes no Campeonato Paraense, o sentido de confronto amador, se derreteu em comodismo por parte dos torcedores.
O São Raimundo prosseguiu na competição, mas o São Francisco saiu, e ficou mais de 10 anos afastado da competição, se esvaziando de novos torcedores, durante esse grande período fora das grandes competições. Agora, o negócio vai ser outra história com recomeço neste Sábado. O confronto será em termos de igualdade. Estão na mesma competição, do mesmo tamanho e com a responsabilidade de sair na frente em colocação de pontuação, nesta rodada. Milhares de olhos vão estar também fitados, em dois jogadores que podem ser as grandes atrações deste jogo. Labilá, considerado o melhor goleiro do Pará, é santareno e desbanca qualquer jogador famoso, que chega no Pantera como atração, o seu lugar já é consagrado pela torcida como o maior ídolo do São Raimundo. Jader, quase garoto começou como Labilá muito cedo. Entrou no time titular do Leão, por acaso, e se tornou a maior revelação do São Francisco, e de todas as competições que o seu time passou. Ganhou confiança do treinador e dos torcedores, e já está na fila da glória para conquistar esse lugar no clube azulino, que ainda não tem destaque como ídolo. Quem vai tremer? O jovem Jader, que vai jogar o seu primeiro RaixFran, valendo o nome e a idolatria, com pouca experiência, mas com muita personalidade e talento, de quem quer vencer como jogador de futebol. Ou Labilá, que apesar de toda sua experiência em grandes competições e conquistas, vai para o primeiro RaixFran da sua vida, valendo a salvação do nome do seu clube, no meio de tantas crises arrumadas pelos seus diretores. Só depois, quando o árbitro apitar o fim do jogo, então contaremos, quem foi quem no RaixFran mais esperado, depois de 11 anos sem se confrontar profissionalmente.
Santarém, 14 de Janeiro de 2012.
Raimundo Gonçalves
