DIVIRTA-SE COM ESSE JOGO

HOMENAGEM DEMÉTRIO MIRANDA


Ele brilhou nos campos e nos palcos santarenos. Era versátil e brilhante naquilo que fazia. No futebol, zagueiro estilo xerife, no Palco, um cantou romântico. Como jogador de futebol era pretendido pela sua garra e seriedade dentro de campo. No palco o timbre de sua voz era a razão do seu sucesso. Estamos homenageando hoje Demétrio Antonio Almeida Miranda, ou simplesmente Demétrio Miranda. Pelo seu aniversário em, 21/11. Demétrio Miranda tornou-se conhecido como jogador de futebol no Flamengo da Prainha e muita gente perguntavam, se ele morava no Bairro da Aldeia, como foi parar no clube rubro negro. Muito simples, a sua primeira morada com seus familiares foi no Bairro da Prainha. E teve como companheiros na época, o saudoso Bigode, Maneca, Teco, João Sousa, Tem Tem, Arinos, Darlan, Dias e petróleo, esses últimos estavam começando a carreira. O mais interessante, que ele começou como ponta direita, devido às circunstâncias para não deixar escapar a oportunidade de entrar no time titular, aceitou jogar como atacante e devido seu grande esforço dentro de campo, não decepcionou, ao contrário chamou atenção do treinador com a sua garra e determinação. Mas com o tempo foi mostrando as qualidades de defensor e da ponta veio para a lateral e finalmente chegou à zaga central, onde teve o prazer de fazer dupla de zaga com o inesquecível atleta Bigode. No clube rubro negro jogou mais de uma década e fez dupla na zaga com Teco, outro notável zagueiro. Das várias formações que participou no seu primeiro clube, cita uma como a mais brilhante na sua carreira de jogador: O goleiro Agapito, vale ressaltar que esse goleiro era da localidade do Poço Branco, muito bom. Maneca, Demétrio Miranda, Teco e Joselir; João Sousa e Piaçá; Sales, Arinos, Aloísio e Tem Têm.
 Na história de jogador, sempre tem acontecimentos que marcam a trajetória, com Demétrio Miranda, não podia ser diferente, quando servia o Exército, na época Tiro de Guerra, tinha como comandante o inesquecível Sargento Damasceno, desportista nato, e logo formou a seleção do exército, com os melhores jogadores de destaques no cenário santareno, que estavam lá servindo o Tiro de Guerra, como: Vavá Araújo, Nadir, Piraca, Juarez, Demétrio Miranda, Joselir, Jujuba, Darlan, Corozinho, entre outros. Realmente era um esquadrão de fazer inveja a qualquer equipe da cidade. Tudo começou, quando aconteceu uma partida pelo campeonato santareno, entre o São Francisco e Flamengo. O jogo chamou muito atenção, porque o Flamengo conseguiu derrotar a forte equipe do Leão, por 1x0, com destaques para o Demétrio Miranda, Joselir e Juarez e todos eles serviam o Tiro de Guerra. O Sargento Damascena, azulino até debaixo d’água, não gostou do resultado e desafiou o time do Flamengo para jogar contra a seleção, do Tiro de Guerra, e na hora vetou os três jogadores de jogar pelo Flamengo, e sim, teriam de defender a equipe do Exército. Logicamente, que os três soldados, não gostaram da situação, pois queriam jogar pelo Flamengo, o clube que eles defendiam no campeonato santareno. Diante da situação do descontentamento, o Sargento Damascena chamou os três soldados, num reservado e foi claro e duro nas palavras: “Vocês vão jogar pelo Tiro de Guerra é uma ordem, e se eu perceber corpo mole durante o jogo, por parte de vocês três, podem ter certeza sairão de campo presos, fui claro? Naquela época no Tiro de Guerra, a ordem de um superior era acatada com respeito e temor, pelo que poderia acontecer, se não obedecessem. Irmanados com outros jogadores da seleção, contaram o ocorrido ameaçador e tiveram todo o apoio dos colegas e coitado do Flamengo. Resultado final, 10x1 para o Tiro de Guerra. O sargento Damascena com a vingança consumada e o coração lavado, manteve os três com honra de soldados de guerra.
  Demétrio Miranda era muito querido por onde jogava por seu estilo de jogador que não gostava de perder e se isso acontecesse tinha que ser lutando até o fim. Num jogo considerado o clássico da Prainha, entre o Flamengo e Norte Clube, em uma disputa de bola, o nosso craque se chocou com o atacante Bodinho do Norte Clube e Demétrio Miranda levou a pior, com sangramento na cabeça, imediatamente o árbitro pediu que retirasse ele de campo para ser atendido fora das quatro linhas. O Jogo estava 1x0 para o rubro negro. Da cabeça de Demétrio Miranda saia muito sangue, o massagista sem saber o que fazer para parar o sangue, improvisou a sua própria camisa   sua cabeça do jogador e amarrou bem apetada, afinal não era só o Demétrio que queria voltar a campo, todos da comissão técnica também, afinal era ele o xerife da zaga. Nosso craque sentia fortes dores, mas diante do resultado e com o Norte todo em cima querendo empatar o jogo e virar, Demétrio não teve outra alternativa, se não entrar em campo com a cabeça enfaixada. E foi um gigante na defensiva, juntamente com os demais rubros negros. Quando a torcida do Norte pedia para chutarem a bola por cima, pois ele não poderia cabecear, erro deles, com o corpo quente e a mente no jogo, ele cabeceava e chutava de todo jeito. Quando o árbitro apitou o final de jogo, 1x0 para o Flamengo, Demétrio Miranda caiu no gramado e desmaiou, mas a vitória foi muito comemorada. Demétrio Miranda foi muito festejado na sede do clube, quando voltou medicado da Casa de Saúde.
Nosso craque mantinha uma grande amizade com Necinho e Ricardo, que jogavam no Campeoanto Suburbano e aceitou o convite dos dois para defender o Águia Negra, seria um grande desafio para ele teriam de quebrar a hegemonia do Veterano Esporte Clube, o Canarinho do Bairro da Aldeia de Sabá Caldeira, que papava todos os títulos do subúrbio. Com um elenco inesquecível Demétrio fez a sua história como Campeão em cima do imbatível Veterano: Zé Maria, Maneca, Demétrio Miranda, Nezinho e Alemão; Chico Crim Crim e Osmar; Nazareno, Soldadinho, Arivaldo e Ninito. Depois da consagração no Subúrbio, voltou para o seu clube de origem, o Flamengo. Foram 13 anos festindo o manto rubro negro da Prainha para depois se despedir dos gramados em 1965, com 26 anos de idade.
O Cantor surgiu ainda no Tiro de Guerra, quando nas horas vagas mostrava o timbre da sua voz, nas melodias mais tocadas da época e agradava seus colegas do exército. Mas foi na comemoração do Dia do Soldado, quando seus superiores organizaram uma festa para todas as famílias dos soldados. O Grupo Musical que acompanhou toda a festa era da Família Paixão. Em um determinado momento da festa o Sargento Damascena chamou o Demétrio Miranda para cantar a música que mais ele ouvia o Demétrio cantar, “Quem eu quero não me quer.” Nosso cantor  ficou um pouco embaraçado, pois nunca tinha cantado em público, mas conhecia perfeitamente o seu comandante e pensou é a minha oportunidade e arrebentou com a sua voz de veludo. Foi aplaudido de pé. Demétrio Miranda tem a música como uma das suas rações de vida, amava cantar e foi à luta. Admirava qualquer banda e certa noite, soube que o Conjunto do Paixão iria tocar na “Fuluca” (Boate mais popular da época) e se  mandou para a Boate. Em um dado momento percebeu que o principal “crôner” (Vocalista) do Grupo não estava presente, era o Orlando Paiva. Foi quando Adalgizo Paixão perguntou, se o Demétrio Miranda sabia cantar Carinhoso, música que todos ali queriam ouvir. Disse que sim. A partir daquela noite foi cantar no Conjunto Os Mocorongos, e seguiu por vários como: Pedroso e seu Conjunto, Os Populares, Som 40, 5ª Dimensão, Banda Tupaiolândia. Depois virou cantor de apresentações, conseguiu gravar 3 Cds a gosto de seresta e sempre fazendo sucesso,  principalmente as músicas do Nelson Gonçalves e outros cantores românticos. Depois de fazer alguns shows na cidade de Alenquer, percebeu que aquele povo gostava de vê-lo cantar e aceitou o convite para fazer residência naquela cidade e seguir a sua carreira cantando nos palcos alenquerenses. Casou em 1966 com dona Tereza. Hoje separados. Tiveram os filhos: Pedro Paulo, João Carlos, Tereza Cristina, Jorge Luiz, Carmem, e Demétrio Antonio. Parabéns Demétrio Miranda e Feliz Aniversário.

Santarém, 26 de Novembro de 2011.
Raimundo Gonçalves.    
   

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