DIVIRTA-SE COM ESSE JOGO

Grande e eterno Zaqueu


 A MORTE DE ZAQUEU
O futebol santareno está de luto. Morreu ontem um dos grandes nomes do nosso futebol. Ele já vinha lutando pela sua saúde, mas não conseguiu driblar a morte. Saiu da sua cidade para a capital amazonense a procura de um tratamento mais adequado para a sua doença. Retornou a Santarém e a sua luta teve fim nesta Quinta Feira, aonde veio a falecer. Garra, valentia, técnica e muita vontade fizeram deste jogador um dos grandes nomes do futebol, dos anos 80.


TUDO COMEÇOU NO NORTE CLUBE


Norte Clube foi seu berço e vitrine para que seu futebol ficasse conhecido na cidade. O Fluminense o seu pé no chão, mas foi no São Francisco e São Raimundo, que o nosso craque tornou-se um dos volantes mais cobiçados nos meios esportivos de todo Oeste do Pará. Ele é: Zaqueu Mota Dourado, ou simplesmente Zaqueu. Nascido em Santarém, nosso craque começou muito cedo a jogar bola. Sua casa ficava pertinho do campo do Norte Clube, então era só atravessar e lá estava ele com mais alguns moleques da sua época como: Wilmar, Jurandir, Carneiro, Joaci, Ica, Tetê, Sólito, entre outros. Logo a seguir veio o time do Ponta Negra de Kaká, Hailton Belezão, Alírio, Lélio, Beto e Ailton Paixão. De lá foi um passo para entrar na juvenil do Tigre da Prainha e começar fazer sucesso juntamente com os companheiros que o seguiram: Vilmar, Alírio, Beto Paixão, Lélio, Carneiro, Ica, Roberto, Tetê, entre outros.

UM VERDADEIRO TIGRE DA PAINHA


Seu futebol foi vibrante e com técnica e logo os cartolas fizeram Zaqueu treinar no time principal. Com eficiência e garra, logo conquistou o treinador e virou titular no time principal e logo que chegou o time era esse: Waleco, Tupamaro, Maturana, Maranhão e Olcemar; Bicho, Zaqueu e Louro; Roberto, Antonio Maranhão e Bira. Dos quase cinco anos que Zaqueu ficou jogando pelo Tigre da Prainha, esse foi uma das melhores equipes em que jogou pelo Norte Clube: Raul, Maturana, Sólito, Dias e Lélio; Aleixo, Zizinho e Zaqueu; Roberto, Banico, Barriga e Oscar. Antonio Pereira diretor do São Raimundo, Sempre via Zaqueu treinar e jogar na equipe do Norte e não cansava de convidá-lo para jogar no seu Pantera Negra. Quando soube que Banico, já estava treinando no time alvinegro, aceitou o convite do diretor. Lá encontrou Zizinho, Aldo, além de Tomé. Não tinha noção de quanto um jogador ganhava para jogar num time como o São Raimundo. Portanto, quando Antonio Pereira perguntou quanto ele queria para jogar no Pantera.

VIROU LEILÃO ENTRE PANTERA E LEÃO


Zaqueu mandou ver: Quero 50 Cruzeiros e uma bicicleta. Na hora o diretor aceitou. Com recibo e tudo recebeu os 50 Cruzeiros. E começou a jogar algumas partidas amistosas, principalmente em excussões como a de Parintins. Depois de uma viagem vitoriosa. Em Santarém soube que jogariam um RaixFran e que Zizinho já estava no Leão. Repercussão foi forte no grande futebol que o atleta Zaqueu estava jogando. E recebeu na casa da sua mãe, os diretores do São Francisco, Agostinho Couto, Benedito Guimarães e José Azevedo, e falaram que o treinador Valdo Abdala, o queria no time do Leão e eles estavam ali para contratá-lo. Nosso craque falou que não podia ir para o São Francisco, porque já tinha recebido 50 Cruzeiros do São Raimundo.


SÃO FRANCISCO COBRE A PROPOSTA


Foi então que ofereceram 800 Cruzeiros. Teve que falar primeiro com a esposa e depois foi incentivado pelos jogadores do Leão a aceitar. Então, devolveu os 50 Cruzeiros a secretária Lindanor do Pantera e ficou com o resto muito satisfeito. Dias depois, Capitão Palhares mandou chamá-lo e nosso craque atendeu ao pedido e foi ao encontro. Na sede do clube Palhares disse: Zaqueu tu és do São Raimundo e deves ficar aqui. Não posso capitão, recebi 800 Cruzeiros do São Francisco, falou o jogador. É o seguinte, respondeu o diretor Palhares, Vou dar um cheque nesse valor, que recebestes e o nosso treinador Guedes, vai devolver ao São Francisco e ainda te dou um emprego para ti não fazer nada e estamos falados! Ele foi de fato jogar pelo São Raimundo.


O PANTERA DEVOLVEU O DINHEIRO DO LEÃO


O Pantera, depois de não participar de um campeonato, revoltado pela perda do título no tapetão, voltou reformado com algumas revelações do time base o Expressinho e alguns reforços como Barriga, Natinho, Aldo, Chico Belterra, Zaqueu, entre outros, mas não adiantou muito. O São Raimundo sofreu outro ataque de mazelas dentro da competição, aonde vinham árbitros de Belém apontados para facilitar o placar a seu adversário. E num desses jogos aconteceu à explosão da torcida e atletas e dirigentes do São Raimundo por não aceitar as falcatruas indecentes nos jogos. E quase acontece uma catástrofe no Elinaldo Barbosa. A revolta foi tão grande que derrubaram parte do alambrado e queimaram as traves. Para o próximo jogo da decisão, só os jogadores do Pantera foram punidos, por até um ano. E o complô foi armado. Para enfraquecer a equipe ainda mais para a decisão, Liga, arbitragem e dirigentes opostos, indicavam quais jogadores deveriam ser punidos como Chico Belterra, Carpegiani e Barriga estavam fora da confusão. Foram mais ou menos 07 jogadores suspensos e uns levaram um ano como Zaqueu.


SUSPENSÃO DE UM ANO


Nosso craque com apenas 20 anos de idade, estava com todo gás, precisava se movimentar. Foi trabalhar na Semex como medidor de toras de madeiras e nas horas vagas jogava o campeonato suburbano no time Sanfogo de Luiz Gonçalves. Quando sua suspensão terminou, foi convidado para jogar no São Francisco. Onde participou e foi Campeão da Copa do Baixo Amazonas e uma das formações era esta: Jorgeney, Djair, Jéferson, Natinho e Edson Nunes; Zizinho, Dário e Zaqueu; Vanderley, Joaquim e Gerson Jacaré.


FOI CAMPEÃO PELO LEÃO EM 1988


E o título de Campeão santareno de 1988. O São Raimundo já havia ganhado o 1º e o 2º turno, como o campeonato eram 3 turnos, ainda restava esperança para o Leão Azul. Zaqueu entrou no time justamente quando a sua suspensão acabou no início do 3º turno. O time azulino classificou-se para a decisão do 3º turno, o São Raimundo só precisava empatar para ser campeão. O Leão ganhou. Na decisão final, o Pantera voltou a jogar pelo empate, já que ganhara dois turnos contra um, perdeu novamente. Houve outra partida para se conhecer o campeão e o time de Zaqueu voltou a ganhar e foi campeão de 1988. Com esse time base: Jorgeney, Djair, Nonato, Válber e Edson Nunes; Zizinho, Zaqueu, Dário, Zaqueu e Arapixuna; Luiz Carlos e Hermes.


A INJUSTIÇA COM ZAQUEU


Há fatos que às vezes foge da realidade, levando a vítima a ser desacreditado sem ser ouvida a sua versão. Nosso craque já foi vítima de alguns desses fatos e que até hoje por não tolerar a perseguição, reagem com certa imprudência, levando as pessoas acreditarem que os fatos negativos dele são verdadeiros. No último jogo da decisão de 1988. No meio da semana, Zaqueu recebeu em sua casa o desportista Carlinhos e Zé Maria, os mandados levavam uma proposta em dinheiro para que ele viajasse para Roraima, onde trabalharia em uma venda de ouro e jogaria no time do Espadim. Mas ele teria de viajar antes do jogo da decisão. Como a proposta era provocante, pediu pra pensar e falar com a esposa, depois falou com seu amigo e conselheiro de clube, Zizinho. O qual lhe orientou: Não ir e nem contar o caso pra ninguém. Deu forma e moral para o craque. Sentiu que quiseram lhe comprar e foi pra decisão com bravura de sempre. Foi campeão e um dos melhores em campo. Este também é o Zaqueu, que precisa ser visto de outro lado.


O TRABALHO NÃO O DEIXAVA TREINAR


No ano de 1989, o São Raimundo foi campeão e craque só podia treinar pela parte da tarde, pois já trabalhava fazendo bicos para sustentar a família. No ano seguinte o São Francisco contratou Valter Lima, que fazia os treinamentos pela manhã e a tarde, segundo nosso craque, foi obrigado a sair do trabalho e treinar os dois tempos e já se sentia em plena forma, mas foi dispensado. Até hoje não sabe por que, pois acredita que estava na melhor forma possível. Decepcionou-se com o futebol e abandonou a primeira divisão. Foi jogar só campeonato de Bairros, depois abandonou de vez quando ficou trabalhando no Frigorífico Peixão. Zaqueu deixou viúva sua esposa Edila e os filhos órfãos: Júnior (32), Jones (31), Jacqueline (28), Juciê (26), Jaime (25), Jamile (23), Jomara (22), Jairo (18) e Jean (17).


Nosso pedido a Deus Nosso Senhor que derrame graças e amor para que os familiares de Zaqueu tenham limites emocionais para suportar tamanha dor pela perda desse pai de família e cidadão santareno, que tantas alegria deu a torcida da nossa cidade.



Santarém, 17 de Junho de 2011.


Raimundo Gonçalves.

TRADUTOR DE BLOG