SANTARÉM DA MINHA SAUDADE
São 350 Anos de vivência santa ou não.
De alegria, tristeza, festa e solidão.
Das artes diversas incomparáveis.
Principalmente, com a música em canções imagináveis.
Certas coisas mudaram, algumas para pior.
Mas para o meu orgulho, o teu povo continua melhor.
Engoliram nossas relíquias sem mastigar.
Depois degustaram soprando para o ar.
O meu Castelo querido de presença flutuante.
No encher das águas, uma visão deslumbrante.
Foi o melhor anfitrião, na chegada dos visitantes.
Arrancado pela raiz, sem emoção ou razão.
Não ligaram para a sua história, dentro do nosso torrão.
As ordens sempre de fora eram atendidas sem defesa.
De um povo muito ordeiro, calado por natureza.
PRAIA DE TRADIÇÃO
Teu luar Vera Paz, saudade que a gente traz...
A canção virou sátira fúnebre, de um povo sem direito no que é seu.
Homens endinheirados compraram a praia, e o Judas vendeu.
O Judas é da cidade, um fraco avarento, não honrou a tradição,
De ser caboclo honesto, em lutar pela sua terra e viver pela razão.
A praia, eles mataram, mas os galhos das árvores estão bem cuidados.
Quem sabe ainda veremos, o Judas nelas enforcado.
A Coroa de Areia nela, dez campos de futebol.
Jogavam os santarenos, com chuva, suor e sol.
A paisagem era deslumbrante, quando ela aparecia.
Bem a beira do rio Tapajós, uma praia ali surgia.
Terra como açúcar, bem branquinha e muito brilhosa.
Que beleza, não tinha quem não ficasse prosa.
Arrancaram aquela areia seda, pra fazer piso de avião,
Com as autoridades sabendo, da cruel devastação.
A desgraça era feito noite, pra ninguém ficar sabendo,
Hoje ela não é mais bela, a Coroa de Areia está morrendo.
TEATRO VITÓRIA
Ao desembarcar das catraias e subindo o cais da Matriz
A visão da direita lá ao fundo, nos deixava mais feliz.
Era um monumento que chamava atenção, com uma águia acima querendo voar.
La dentro, os espetáculos de artes e muitas músicas a cantar.
Foi desprezado, desfigurado, trocado e até dilacerado.
Talvez um Dos únicos vultos marcantes da cidade, que volte a ser cuidado.
Santarém, 22 de Junho de 2011.
Raimundo Gonçalves







