Dia 19 de Agosto, Raimundo Augusto Cunha do Rosário, fez a festa de mais um ano da sua preciosa vida, junto com seus familiares. Para muitos desportistas torcedores da nossa cidade, seria mais um Raimundo dos tantos que temos no mês de Agosto, em referência ao padroeiro do Bairro da Grande Aldeia. Porém, desperta comentários, quando por trás de Raimundo de tantos Rosários está o grande ídolo do nosso futebol, o “Bendelak.” Filho de uma família tradicional em aprontar artes, como o saudoso velho Bendelak. Mas não vendia a sua arte, apenas apresentava aos santarenos sua parte de espetáculos culturais. Diversificado nas pequenas obras que se transformaram em grandes, marcaram e deixaram saudade. Do aval ao futebol aos filhos e netos á as sensacionais, quadrilhas, pássaros, boi bumbás, nas mais criatividades ilusões folclóricas de uma realidade santarena, ou sapateando afinadinho no asfalto, puxando artisticamente a sua, a nossa Pulga empolgante do nosso samba Carnaval.
Só poderia dar no que deu, novos artistas apareceram e um deles voou tão alto, que num dos seus pousos de malabarismo com a bola, culminou com uma desastrosa perda de equilíbrio de um dos mais consagrados artistas da bola. Estamos escrevendo sobre o drible desconcertante, que Bendelak aplicou no Júnior, ex-lateral esquerdo do Flamengo, quando o nosso santareno estava jogando no clube Willtermann da Bolívia pela Libertadores da América. Bendelak despontava, como um jogador notável, apesar do mestre Vicente Silva papar todos os bons de bola para o seu time, mas o velho Bendelak criou o time Pau D’arco para manter o filho craque a distancia do seu adversário, mas tudo isso foi no início de tudo, porque ainda prematuro Bendelak foi jogar no clube do seu Bairro, o São Cristóvão. Participando do Campeonato da 1ª Divisão, seria impossível os grandes clubes da nossa cidade não correr atrás desse craque prematuro, que surgia na cidade. Como um atacante veloz, driblador e com uma qualidade de controle de bola maravilhoso foi conquistando o seu espaço aonde o contratavam. Vestiu a camisa azulina, a camisa alvinegra e a tricolor da nossa cidade. Seu rastro de vencedor foi marcado em todas as equipes com títulos, e muitas vitórias. Mas foi em excursões pelo São Raimundo e Fluminense, que Bendelak mostrou o seu talento diferenciado na cidade amazonense de Parintins. Pelo tricolor dos Fonsecas foi várias vezes campeão de torneios e competições da cidade.
E logo os grandes de Belém se interessaram no jovem talento, mas como de praxe, menosprezavam os atletas do interior, e só aceitavam em seus clubes depois de vários testes na capital, não foi o caso dos cartolas do Nacional de Manaus, que tinham visto o mesmo se apresentar em Parintins e não tinham dúvidas, que ali estava um craque e chegaram à frente e levaram Bendelak para a capital amazonense. A estréia do craque no Nacional foi contra o Vasco da Gama (RJ), em 1979. Este jogo ganhou a posição, a confiança do treinador e o grito de seu nome pela torcida. Pois logo no mesmo ano, Bendelak sagrou-se Campeão amazonense, e para festejar o seu 1º título teve um gosto especial, pois do seu lado estava um velho amigo dos tempos de São Raimundo, o parintinense, Soló. E para ilustrar essa homenagem ao nosso aniversariante, pois não sei se ainda lembra-se de seus companheiros do título, aí está formação do elenco que entrou em campo e saiu com o troféu nas mãos. Beto, Soló, Paulo Galvão, Ely e Jorge Silva; Val, Artur e Almeida; Bendelak, Careca e Nilson. No ano seguinte, apenas dois jogadores desse elenco permaneceram jogando como titulares Bendelak e Ely.
O resto do elenco foi novas contratações, mas, o nosso craque não perdia a posição, devido o seu grande futebol e novamente foi Campeão amazonense. O Nacional tornou-se para o craque uma vitrine especial, com contrato com o clube amazonense e jogando não só os campeonatos amazonenses, mas brasileiros, nosso craque ficou e ascensão no cenário nacional e convites não faltavam para ele jogar fora de Manaus, como o Nacional sentia dificuldades de pagar seus craques quando saia de algumas competições, emprestava seus craques por um período até tudo recomeçar para o clube amazonense. Para o ano seguinte o Nacional se preparou novamente para ser Campeão e conseguiu manter o craque Bendelak até o 1º Turno do Campeonato, o assédio foi grande demais para o clube amazonense, que teve que emprestar o craque para o Willtermann da Bolívia, que disputaria naquele ano a Libertadores da América. No time boliviano nosso craque teve a oportunidade de jogar ao lado de grandes craques do futebol boliviano e do Brasil. Teve como companheiro de ataque no Willtermann, o lendário Furacão da Copa do Mundo de 1970, Jairzinho, onde ficou por um período menor no clube, cabendo ao nosso craque Bendelak a responsabilidade de colocar o clube boliviano na mídia para o mundo do futebol, com sua técnica, seus dribles e experiência de um verdadeiro craque de futebol.
No jogo mais esperado contra o Flamengo de Zico e Cia. O Bendelak foi à única estrela pelo time boliviano a brilhar dentro de campo. Depois de fazer jogadas de velocidade com dribles desconcertantes em cima de seu marcador, o convocado para a Seleção Brasileira de 1982, Júnior. Imaginem a capacidade do jovem atleta santareno em não tremer diante de tanta mídia, que era o Flamengo de Zico. E Bendelak deu um show em cima do Júnior para a alegria dos bolivianos. Quando retornou para Manaus já tinha uma proposta para Bendelak fazer parte do Cruzeiro de Yustrik, um treinador vigoroso e de poucas palavras viu o craque jogar e gostou. Não foi fácil para Bendelak dar adeus a Belorizonte, fatos que provocaram os nervos do nosso atleta que preferiu seguir em frente e olha que não foram poucos. Criciúma, Ferroviário de Araraquara. Em 1983 a volta triunfante ao seu Nacional para ser novamente Campeão amazonense. 1984, o título com confronto de feras. O ataque do Rio Negro, Paulo Borges, Marciano e Tiquinho, o do Nacional, Bendelak, Dario e Edu. Nesta luta de estrelas, Bendelak saiu vitorioso e colecionou mais um título amazonense na sua grande história de craque.
De volta a Santarém, deu show de bola, se destacou no time de Jassen Macambira, o Tapajós, onde foi estrela máxima. Com outros craques santartenos chegaram ao topo dos grandes, só não conseguiram ganhar o título, mas seu nome estava lá escrito nas estrelas daquele Super time do Tapajós. Porém, foi no São Raimundo que o craque ainda pode mostrar o seu grande talento quando ajudou o clube alvinegro ser Campeão santareno, com seu indiscutível futebol dentro de campo. Parabéns Bendelak, você é nome certo na história gloriosa do futebol santareno. Seu nome também é reverenciado em Manaus e sua foto no esquadrão mais comemorado dentro de Nacional é reconhecida de ponta pelos torcedores que viram você jogar.
Parabéns a sua família, onde faz parte um pedaço do seu belo futebol, Ney e Kiko, que também fizeram e fazem a sua alegria e toda a sua família, principalmente a sua esposa. Para fortalecer ainda mais a realização do seu pai, você dão continuidade as artes que ele plantou com amor. Parabéns.
Santarém, 24 de Agosto de 2011.
Raimundo Gonçalves.








