Os torcedores jovens da nossa cidade e de todo o Oeste do Pará, desconhecem essa tradição. Porque esse clássico teve uma trajetória angustiante, primeiro, pelo descaso das autoridades pelo futebol santareno nos últimos anos, segundo pela ineficiência de seus diretores. Então, o nosso futebol esfriou e o famoso RaixFran, foi perdendo a sua marca e congelando a tradição. Houve outra alavancada dos dois clubes quando começaram a participar do campeonato paraense de profissionais, mas sem estrutura não chamaram a atenção da torcida, mesmo assim a insistência foi em frente e alguns clássicos foram realizados.
O primeiro encontro das feras como profissionais, levou um público satisfatório para a envergadura do clássico, naquelas alturas. Foi uma decepção, o jogo, que terminou empatado e sem brilho. Lembro-me de um respeitável desportista santareno, que usou uma frase para o clássico daquele dia: “ Foi uma pelada de luxo para uma torcida especial.” Depois o clássico foi sumindo nos desmandos de seus diretores e de novos jogadores que não sabiam honrar a tradição. E o pior veio acontecer com o São Francisco. Certos senhores respeitáveis na cidade vestiram a camisa do Leão e venderam o clube por algumas moedas. O Leão perdeu o teto e demorou a reencontrar a sua identidade. Só nos restou relembrar os grandes clássicos dos anos 60, 70, 80, e 90. Matava a saudade, mas faltava o hoje, desses clubes que fizeram tanta história na cidade e emocionaram tantos torcedores e jogadores. Com o Pantera dividido entre os profissionais e amadores, se perdia no tempo, não conseguia quase nada, nem no amador e nem no profissional. O São Francisco sem estrutura, só conseguia participar do futebol amador. O clássico RaixFran, acontecia, porém, não era o mesmo, torcedores não iam ao estádio, como nos bons tempos e a meninada não teve a oportunidade de ver a festa que esse clássico foi capaz de fazer. Mas não ficou só por ai, não. Os ex-craques dos dois clubes mantiveram uma rivalidade cirada, quando formaram o São Raimundo de Máster e São Francisco de Máster e quando os mesmos se encontram a coisa é pra valer, além do bom futebol dos ex-craques a busca pela vitória de cada time é a maior festa.
O São Raimundo insistiu como profissional, berrou, chorou e foi humilhado, porém, pela vontade de vencer e perseverança em fazer o nosso futebol, veio à recompensa, tornou um dos grandes clubes no futebol paraense, e foi Campeão Brasileiro da Série D. O sucesso do Pantera, mexeu com brio de alguns jovens azulinos, que encararam o desafio de também chegar lá, onde o Pantera chegou. E se organizaram e estão tirando o Leão do anonimato das grandes conquistas, lutam dentro e fora de campo para conquistar um lugar que já foi seu.
O São Raimundo permanece na elite do paraense e jogando o Campeonato Brasileiro da Série D. O São Francisco se classificou para a segunda fase da 2ª Divisão do paraense, em primeiro lugar na sua chave. E com grande possibilidades de classificar-se para o Seletivo e depois lutar para entrar na Elite do parazão.
O Pantera está folgando neste Domingo, dos seus jogos pelo Brasileiro da Série D. O Leão, classificadíssimo volta a Santarém folgando também no Domingo. E me parece que as duas diretorias pensaram grande e não inventaram nenhuma pavulagem que sempre impediam dois se tronassem muito maiores do que são. E esses comandantes já pensam no tempo que vivem. Ainda bem, não são ultrapassados. E assim o clássico vai acontecer, principalmente para os jovens torcedores ver de perto a rivalidade de um RaixFran. Esse confronto tem apenas 67. Sempre foi respeitado pelos dosi lados, uma rivalidade sadia, mas nunca de parceria dentro de campo, a não ser antes e depois de cada jogo. Aos jovens torcedores, quem falar para vocês que Domingo tem um RaixFran amistoso, é mentira. Entre São Raimundo e São Francisco, não existe jogo amistoso, existe o clássico mais respeitado de todo o Oeste do Pará e pode ser neste Domingo, que seus jogadores e torcedores irão fazer renascer esse grande encontro de feras de verdade, dentro de campo.
No passado não era possível gritar: Vai que é tua, Genésio... Vai que é tua, Surdão... Vai que é tua Galo... Vai que é tua, Xabregas...Mas todos querem ver e ouvir: Vai que é tua, Labilá... Vai que é tua Flávio ...
Vai que é tua torcida, alvinegra... Vai que é tua, torcida azulina... Domingo no Colosso do Tapajós.
Raimundo Gonçalves.







