DIVIRTA-SE COM ESSE JOGO

MEMÓRIA LÍBIO


Ele nasceu para ser goleiro, desde garoto corria para o gol, a sua estatura era ideal e todos os garotos ficavam tranqüilos com ele debaixo da trave. Apesar dos seus melhores momentos nos anos 60, Santarém era servido dos mais grandiosos goleiros, mesmo assim foi titular no São Cristóvão, Náutico, São Francisco, São Raimundo, América e na seleção santarena. Apelidado de mão de onça, pelas suas defesas compactas a cada vôo espetacular. Líbio Moura Cruz, simplesmente Líbio.
Santareno nascido na divisão da cidade, Barão do Rio Branco com a Avenida Marechal Rondon, ali morava o nosso craque, e logicamente suas primeiras pegadas e defesas foi no campinho famoso da época, o Poeirão, onde jogou no Pau D’arco do saudoso Bendelak. Depois jogou no São Cristóvão levado pelo Bendelak e Didi. Aparecendo com suas grandes defesas e a estatura de um verdadeiro guardião de meta, o saudoso Almir Vilhena convidou para defender o Náutico, onde viu o grande zagueiro Odilardo Picanço jogar (Pai do Darinta), além do saudoso Batatinha. O clube do Vilhena foi à principal vitrine para Líbio, que a seguir se viu muito lisonjeado quando foi procurado na sua casa por uma equipe de diretores do São Francisco, comandado pelo Francisco Coimbra e avalizado pelo Ubaldo Corrêa. Chegou muito jovem no time do Leão e apesar de ter grandes goleiros quando lá chegou, ainda conseguiu jogar como titular. O treinador tinha lá seus problemas para saber, qual goleiro colocaria a cada jogo, pois o clube tinha os três dos melhores goleiros da cidade, Líbio, Carlito Galo e Surdão. Participou de várias formações dentro do Leão Azul santareno, como esta do início da sua chegada ao clube: Líbio, Moura, Leopoldo, Miguel Coruja e Pedrinho Araújo; Jó e Chico Imbiriba; Zé Aurélio, Afonso Monte Alegre, Paulo Roberto e Tovica. Logo depois estava em outra formação como: Líbio, Estelito Dicoroca, Jó, Miguel Coruja e Acari; Pão Doce e Donaldo Sujeira; Cabinha, Edwar, Selésio e Navarrinho.
Seu desempenho foi tão bom, que Líbio teve que ser convocado para a seleção santarena, juntamente com Carlito Galo, e o ultimo por ter mais experiência foi o goleiro titular, num dos momentos mais especiais do nosso futebol, com jogadores de alta qualidade nos anos 60. Quando o goleiro Líbio participou das convocações como: Carlito Galo, Líbio, Surdão, Pedro Nazaré, Acari, Brito, Inacinho, Ricardo, Helvécio, Dias, Prachedes, Pão Doce, Abdala, Jurandir, Amiraldo, Bosco, Dote, Manoel Maria, Caveirinha, Cabinha, Palito, Luiz Gonçalves, Mazinho, Navarrinho, Pedro Olaia, Corisco e Navarrinho. Sim o nosso craque fez parte desse seleiro de craques nas seleções santarenas, onde craque era craque mesmo. Nosso goleiro teve vários momentos de alegria dentro de campo, com grandes defesas em vitórias sensacionais pelo Leão Azul, principalmente contra o seu maior rival, o São Raimundo. Conta-nos o nosso craque, que num jogo do torneio início no Elinaldo Barbosa ficaram para disputar o campeão do torneio início, São Raimundo e São Francisco, como sempre o jogo foi (um pega danado) e com pouco tempo de jogo, terminou em zero a zero. As formalidades legais eram as penalidades máximas. E como na época só um cobrador tinha o direito de bater três penalidades para cada time e dificilmente um cobrador perderia uma cobrança.
Afonso Monte Alegre, converteu os três gols e Inacinho já tinha convertido duas das penalidades, quando partiu para a terceira cobrança, como era um jogador muito marcado pela torcida adversária, o negão fazia de tudo para não perder a esportiva, e devido seu jeito dentro de campo ser extrovertido, inventava alguma para se sair de alguns momentos, que era perseguido pela torcida do clube rival. Antes da ultima cobrança fez várias piruetas dançando, antes de chutar a bola para o gol, inerte, Líbio ficou em baixo da trave, esperando que o craque acabasse de dançar para chutar. Inacinho chutou em cima do arqueiro, que para se vingar das proezas do negão, defendeu o chute de cabeça e saiu para o abraço, tinham conquistado o Torneio Início. Depois de jogar duas temporadas no Leão, Líbio foi levado pelo Everaldo Martins para o São Raimundo. Lá encontrou o Surdão novamente e teve que se revezar em alguns jogos com o goleirão do Pantera. Jogou uma temporada e meia no Pantera, depois convidado pelo Manoel Moraes, presidente do América para defender as cores dos americanos. No time rubro se despediu do futebol da 1ª Divisão. Começou a participar de algumas peladas da cidade, mas logo foi convidado a ajudar o futebol santareno na arbitragem e por cinco anos deu a sua parcela de colaboração como auxiliar da bandeira. Conta para nós, em um dos vários casos que acontecia dentro da arbitragem e sua preferência nas convocações, pelo seu bom trabalho. E em uma dessas arbitragens, num jogo o trio de arbitragem deu um show de trabalho em campo, comandado pelo arbitro Carlos Renildo (Jabá) e Líbio com Roberto Calos como auxiliares. Jabá gostava de agraciar com prêmios jogadores e outros do esporte e nesse dia fez o agraciamento.
E os dois auxiliares pensavam que seria para eles, pelo bom auxílio nas bandeiras, mas o central deu para um jogador da partida. Foi uma decepção para eles, mas foram salvos pela Liga Esportiva, que guardava uma bela homenagem a eles. Isso fez com que eles saíssem felizes. Foi devido o grande desempenho durante todo o campeonato receberam uma singela homenagem da mentora local pelo reconhecimento de seus trabalhos. Depois de deixar a arbitragem jogou por um tempo peladas no Maicá do Bianor Carneiro, com outros vários jogadores do passado. Hoje Líbio está morando sozinho e num dos bairros santareno tranqüilo, Jerusalém, no grande santarenzinho. Aposentado fica curtido seus filhos, filha e netos e quase todos os dias curte também a pescaria no Rio Tapajós. Líbio foi casado com dona Mª Celestiana. E desse matrimônio vieram os filhos: Luiz Carlos, Lucicleyde, Nildo e Libiomar.

Santarém, 09 de Novembro de 2011.
Raimundo Gonçalves          

TRADUTOR DE BLOG