DIVIRTA-SE COM ESSE JOGO

68 ANOS DE NOTÁVEIS CONQUISTAS DO PANTERA


Podemos iniciar com a conquista do nascimento do São Raimundo. Bravos garotos da Aldeia, que sonhavam com um clube de futebol para fazer história em Santarém. E assim nascia o São Raimundo com o 1º seu jogo e a sua 1ª vitória, na Vila de São Braz. Wademarino, um dos sobreviventes da primeira formação do clube, morando hoje em Belém, relata com bastante segurança nas palavras, já um pouco cansada, a aventura dele e dos amigos para o primeiro jogo oficial do São Raimundo na Vila de São Braz. “Tenho recordações que me fazem viajar ao tempo na minha querida Santarém. Fomos e voltamos de pés para o jogo na Vila de São Braz. Depois de vencermos a partida e quando já nos preparávamos para retornar a cidade, se formou um grande temporal, não podíamos ficar na Vila, tínhamos que voltar o mais rápido possível. Fizemos uma fila de dois e juntos partimos pelo caminho entre as matas, pois naquela época, não havia estrada e a torrente chuva forte trazia a luminosidade de relâmpagos com ruídos estridentes de trovões,  e todos se jogavam nas matas com medo dos desfechos mortais dos raios que vinham juntos e para nossa sorte não caiam onde estávamos caminhando. Aventura como esta, “nos fazia mais forte para defender as cores do nosso querido São Raimundo.” Palavras de Waldemarino pelo telefone matando saudade da sua terra querida e do seu clube de coração.

 O primeiro jogo, a gente não esquece. Aceito o convite o São Raimundo foi jogar na Vila de São Braz e sua estréia não podia ser mais brilhante, foi com a vitória de 3x0 Das informações que obtivemos através de pesquisas com ex-jogadores da época, a escalação segundo as informações que obtivemos de fontes como: Odorico Almeida, Davi Nataniel, Bebé e Domingos Tapioca, o time entrou em campo em São Braz com: Lauro Granada, Cici e Moacir; Ester, Valdomiro e Chico Borracha; Marino, Raimundo Caldeira, Domingos Roque, Pé de Chumbo e Tapioca. O saudoso Domingos Tapioca foi quem nos ajudou a completar essa preciosa relíquia dos principais atletas desse primeiro jogo inédito do Pantera. Nossos agradecimentos a família dele, por nos tolerar por vários dias e horas ali com ele no sentido que pudesse lembrar com mais lucidez os seus companheiros de jogo. Depois de conseguir nos informar toda a escalação desse jogo, uma semana depois o nobre abnegado Tapioca veio a falecer. Mérito de honra para Davi Nataniel, que na época era jogador, mas foi fundamental ajudando escalar o time juntamente com Domingos Roque para essa primeira partida oficial.

 O PRIMEIRO TÍTULO DO FUTEBOL SANTARENO É ALVINEGRO

O primeiro título sucedeu em 1949, cinco anos depois da sua fundação. Muitas adversidades aconteceram nesse ano em que o Pantera foi Campeão. Como o São Francisco “papava” todos os títulos, achava-se com o direito de não perder nenhum. E em um dos jogos RaixFran decisivo o time azulino percebeu o grande elenco formado pelos alvinegros e sentiram que não iriam conseguir vencer e eles criaram a maior polêmica numa jogada isolada do atacante azulino, Adamor, contra o Gerson Marinho, então goleiro do São Raimundo, que saiu na sua defesa cometendo falta. O goleiro foi punido dentro de campo, mas a diretoria do São Francisco queria que a LES punisse o atleta para não jogar mais naquele campeonato. Como a LES não aceitou, o São Francisco então comete um ato de indisciplina retirando o seu clube da competição. Muitos desportistas da época comentaram que a razão de tal atitude do leão, foi porque eles sabiam que não conseguiriam vencer o forte esquadrão alvinegro naquele ano. E nada impediria que o Pantera ganhasse o seu primeiro título santareno.

 A DECISÃO DO TÍTULO HISTÓRICO

Decidiu com o América Futebol Clube e venceu por 1x0, no Estádio Aderbal Caetano Corrêa, Craques de qualidades não faltaram para aquela brilhante campanha e segundo informações colhidas em nossas pesquisas, o time do Pantera entrou jogando com: Gerson Marinho, Nego Otávio e Chicó; Orlando Cota, Valdomiro e Queixada; Noronha, Cacete, Beleza Preta, Elídio e Goitinho. Ainda participaram deste título os jogadores: André Pimenta, Raimundo Anun, Miro, David Natanael, Curuperé, Bebé, Água preta, Canjica, Dedé, Sílvio e Nezinho. De fato e direito o Pantera formou um esquadrão formidável na época, e só assim conseguiria triunfar e trazer para a sua história, o seu primeiro título santareno. Com a conquista chamando a atenção dos torcedores e cronistas esportivos, começaram a surgir, os primeiros destaques do Clube Alvinegro. Não temos conhecimento quem foi o treinador campeão.

A EXCURSÃO DAS CONQUISTAS

Dr. Everaldo Martins, então presidente do clube na época que o São Raimundo conquistou o bi-campeonato santareno de 1963/64, prometeu aos seus atletas um prêmio especial. Foi uma excursão para Manaus jogar três partidas consecutivas com os principais clubes da capital amazonenses e que a viagem seria de avião. Na época, um prêmio considerável, principalmente aqueles que nuca tinha viajado de avião. Foi uma festa a partir do aeroporto, fotos para marcar o acontecimento e outras novidades como um vestuário impecável para cada jogador, que embarcaram todos uniformizados. A estréia não foi legal, jogadores passaram o dia todo passeando fazendo visitas aos amigos e conhecidos santarenos, e me parece que menosprezaram o adversário, São Raimundo da Colina, pois era considerado a 3ª força do futebol amazonense, mas esqueceram que os azulinos amazonenses era o vice-campeão do amazonas e levaram uma goleada de 5x1. Toda imprensa amazonense, que fizeram aquele elogio ao clube santareno já não falavam a mesma linguagem para o próximo jogo que seria contra a considerada 2ª força no futebol amazonense, Rio Negro. A recuperação do prestígio, o clube santareno conseguiu um resultado que melhorou sua imagem diante dos barés, 2x2. Mas foi no ultimo jogo que a torcida nacionalina através dos seus fanáticos membros da imprensa colocar pimenta no jogo, que o Nacional iria dar uma goleada maior do que o São Raimundo na estréia. Isso mexeu com o brio dos alvinegros lá em Manaus. Dono de um elenco de primeira, Everaldo Martins falou sério e exigiu uma vitória contra o Campeão amazonense. Diziam os jogadores mais brincalhões, que o médico teria dito, se perdessem para o Nacional voltariam a Santarém de canoa. Campo lotado para assistir o Nacional golear, os amazonenses viram um espetáculos de jogadores craques de verdade. Genésio fechou a sua meta, enquanto Pedro Nazaré e Javali colocavam moral nas laterais. Miléo e Amiraldo, desarmavam, e criavam sensacionais jogadas no meio campo, e no ataque, os endiabrados atacantes: Vavá Araújo pela direita, Mazinho como centroavante, Inacinho como meia esquerda e Afonso Monte alegre pela esquerda encheram os olhos da imprensa amazonense na sensacional vitória do Pantera por 2x1. Gols de Mazinho e Vavá Araújo. Saíram de Manaus como desuses da bola. O treinador do time do São Raimundo foi João Pinto.  

A CONQUISTA EM VERDE E AMARELO SOBRE A SELEÇÃO BRASILEIRA OLÍMPICA.

 Foi uma festa de grande repercussão, pois a seleção mantinha-se invicta nos seus jogos amistosos no Brasil. E trazia em seu elenco o artilheiro do Botafogo Ferrete, e o nosso Manoel Maria, ex-jogador de São Raimundo e que logo em seguida foi jogar ao lado de Pelé no Santos (SP). A festa foi no estádio Elinaldo Barbosa. O Pantera velho de Guerra venceu a Seleção Brasileira Olímpica por 3x2 e ainda, o meio esquerda Dote perdeu uma penalidade. Foi um show de bola, espetáculo para os santarenos ver. Todos os jogadores do São Raimundo que participaram desta partida saíram de campo como heróis, por causa do tamanho feito diante da seleção canarinho Olímpico. Vale informar que o atacante Manoel Maria, jogou o primeiro tempo pelo São Raimundo e o segundo tempo pela Seleção Brasileira. Ferrete fez os dois gols da Seleção e Dote, Pelézinho e Cabinha marcaram para o Pantera. Os heróis dessa grandiosa façanha dentro de campo foram eles: Surdão, Pedro Nazaré, Inacinho, Ricardo e Brito; Jurandir (Formiga), Bosco e Dote; Manoel Maria (Caveirinha), Pelézinho, Dote e Nazareno (Cabinha). Dos heróis alvinegros, apenas o atacante Nazareno, não se encontra mais entre nós, Já é falecido. Valdo Abdala foi o treinador, mas devido uma cirurgia dentária, não pode acompanhar o time em campo, ficou na arquibancada orientando o time através de Davi que ficou no banco.

O TÍTULO ALVINEGRO INTERMUNICIPAL EM BELÉM

Depois de ter perdido o título da cidade de 1978 para o São Francisco em penalidades máximas, no início do ano de 1979, o São Raimundo foi convidado a representar o futebol santareno no Certame Intermunicipal de 1978. Devido a federação Paraense ter convidado Santarém através da Liga Esportiva em cima da hora, não daria tempo de formar uma Seleção santarena para representar a cidade no Intermunicipal, então a mentora local combinou com os dois clubes que disputavam o título santareno de 1978, que o Campeão representaria Santarém no Intermunicipal. O São Francisco foi o Campeão, mas sua diretoria desistiu por causa das despesas, não estaria em condição para tanto. Menassé Nahon, uns dos diretores do Pantera incentivou a ida do clube para a grande competição. Foi uma campanha sensacional que terminou com a grande conquista no estádio do Clube do Remo Antonio Baena. A decisão foi contra a Seleção de Igarapé- Miri.O Jogo terminou empatado no tempo normal em 1x1.Pedrinho marcou para o time do São Raimundo. Na prorrogação 0x0,então veio as penalidades máximas e o São Raimundo venceu por 6x5. O São Raimundo venceu com: Raul, Carlinhos Bendedelak, Laurimar, Basílio e Haroldo Meireles; Juarez, Magno e Pedrinho;Domingão (Lula), Mano (Éder) e Barriga. O treinador foi o Davi Nataniel. Participaram desse elenco campeão, outros jogadores como: Bianor, Gilamar, Renato, Figueirôa, Nicolau, Petróleo, Soló, entre outros. Em Belém foi uma festa, que só terminou quando a torcida alvinegra foi buscar os campeões no aeroporto em uma carreata histórico pelo título conquistado.

 
CAMPEÃO BRASILEIRO DA SÉRIE D

O São Raimundo sempre foi um clube tradicional, revelador de muitos craques para o estado e até fora do Brasil, mas só se tornou conhecido nacionalmente, quando conquistou o título mais importante até hoje na sua história. Campeão Brasileiro da Série D. Para o clube chegar a esta glória teve de mostrar futebol, garra e muita humildade nos confrontos que conseguiu passar como vencedor. Vários foram os treinadores, que participaram da formação do elenco campeão. Porém, os maiores destaques foram para o técnico Valter Lima, conquistando um dos turnos do campeonato paraense e colocando o São Raimundo na Série D e na Copa do Brasil, e disputando o título paraense com Paysandu, onde perdeu e foi vice-campeão paraense. E para o técnico Lúcio Santarém, campeão Brasileiro da Série D. O elenco enfrentou maratonas difíceis na corrida para o título. Sem ajuda financeira da CBF, o clube tinha que se manter com pouco dinheiro dos poucos patrocinadores e colaborações de abnegados. Foi armado um elenco fechado e unido com um só propósito, sair vencedor. Sua torcida foi a maior responsável pelo sucesso do time nas competições que ganhou, além do Brasileiro. Foi uma febre ser torcedor alvinegro. As belas apresentações conquistaram torcedores de todo o Oeste do Pará e fez do São Raimundo um clube nacionalmente conhecido no Brasil. Na decisão contra a equipe do Macaé do Rio de Janeiro fez a Rede Globo mostrar sua conquista em canais abertos e fechado fazendo o Brasil todo se emocionar na grande conquista. Seus novos Heróis desfilaram em carros abertos e a torcida fez a festa que Varou pela madruga. São Raimundo 2, Macaé um. O jogo foi no Colosso do Tapajós com mais de 20 mil torcedores. Marcaram os gols para o São Raimundo, Michel e Rafael Oliveira. O time venceu com: Labilá, Ceará (Sidvan), Preto Marabá, Filho e João Pedro; Marcelo Ptibull, Beto, Trindade (Hélcio) e Michel; Del Curuçá e Rafael Oliveira (Amaral). Outros vários jogadores tomaram parte desse elenco campeão.

Hoje o São Raimundo se prepara para jogar o Campeonato Paraense 2012, sua estréia é neste Sábado contra o seu maior rival da cidade, o São Francisco Futebol Clube, porém vive um dilema dentro da sua própria diretoria, onde todos querem o que nenhum quer, ou seja, o bem do clube. “Outrora já foi melhor torcer pelo São Raimundo, onde as estrelas eram os jogadores, hoje os dirigentes é que querem ser estrelas.” Meu lema é que ama não bate! E números dirigentes juram amor eterno ao São Raimundo, mas toda semana bate no clube, causando traumas terríveis, abrangendo emocionalmente e psicologicamente os jogadores e comissão técnica, que trabalham pela história do clube. “Nenhuma guerra oi capaz de conquistar  a paz e que, só depois das tragédias,  os homens se sentaram e prevaleceram o diálogo e o desprendimento para promover a paz. Os tolos brigam pelo poder, os sábios usam o poder para vencer.


Santarém, 09 de Janeiro de 2012.

Raimundo Gonçalves 





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