Mais quatro craques da bola que vestiram as duas camisas rivais da cidade, porém para uns o amor ficou só num clube.
ZIZINHO NUNES FERREIRAZ ou mestre Zizinho. Montealegrense sério e determinado, dono de um futebol encantador. A bola o respeitava quando estava com ele, era aonde ele queria que ele fosse. Com 14 anos o filho do seu Gabum já fazia estripulias com a bola nos pés, com 17 era titular absoluto no time do São Francisco dos Pinta cuias, mas aos 19 anos, jogando pelo São Francisco que teve de segurar a ansiedade, quando o Clube do Remo chegou em Monte Alegre para jogar com o seu clube. Nosso craque sentiu até dor de barriga, horas antes do jogo. Para acabar de complicar, no momento de se equipar deram um calção igual bermuda para o nosso craque, que teve que recorrer na hora o costureiro da família, Nego Chapa para diminuir o uniforme. Dentro de campo o Clube do Remo pagou o pato para o garotão atrevido. Ninguém do Leão de Belém jogou melhor do que o Zizinho. Diretores azulino queriam conhecer melhor o cara que deitou e rolou em cima do Leão e quando chegaram a ele, se dirigiram como se fossem o dono do mundo, mandando e desmandando por ser na época um time tradicional e fazia jus a isso e falaram ao jovem craque: Vá arrumar suas coisas e vamos pra Belém jogar no Remo. “Já vai!” Seu homem, o negócio aqui não é assim, minha mãe se encontra em Manaus e meu Pai trabalha em Miritituba, sou eu quem toma conta dos meus irmãos em casa. Como sempre pé no chão disse não ao Clube do Remo por prezar mais a sua família. Sua fama logo chegou a Santarém de ser um jogador técnico e com grande eficiência com a bola nos pés, Everaldo Martins, o todo poderoso do Pantera mandou buscar Zizinho para jogar no São Raimundo. Meio encabulado e sem ambiente no elenco, ele não gostou logo de cara do local de treinamentos do time, era no campo do Miguel das Freiras. Era tal de sobe e desse no carro e certos jogadores mais antigos jogando xaveco a todo instante, não deu para agüentar e passou no Pantera pouco tempo e retornou para Monte Alegre para o seu São Francisco. Malicioso dentro do futebol, o saudoso Pinta Cuia trouxe Zizinho para o Leão Azul santareno, onde o craque arrebentou foi campeão várias vezes. Fez com Aleixo uma dupla de meio campo mais famosa do leão na época. Pretendido por vários clubes foi Jogar em Manaus. Apesar de ter encantado os cartolas amazonenses a saudade da namorada, hoje sua esposa teve de voltar para Santarém. E logo já estava com a camisa titular da Seleção santarena, onde foi Campeão Intermunicipal em 1977, defendendo a Seleção Santarena em Belém. Vejam essa Seleção: Raul, Zequinha Belterra, Bené, Figueirôa e Odair; Juarez, Tomé e Zizinho; Bendelak, Petróleo e Barriga. Precisa dizer mais alguma coisa? Apesar de ter jogado em outros clubes, como Fluminense, Norte Clube, Zizinho é um apaixonado pelo Leão Azul santareno.
NILTON VASCONCELOS CASTRO, quem seria esse senhor? É ele mesmo o famoso Arapixuna, filho do Cabeção e sobrinho do Edwar, que muito brilhou no Leão. Apesar do grande sucesso no Rio Branco da sua Vila, Arapixuna, com 15 anos teve de vir estudar em Santarém e foi aí que Bola Velha e Cafute o convenceram a ir jogar no São Raimundo. Mas foi difícil entrar no time titular, até o zizinho estava lá e formavam um meio de campo imaginável. “Como eu entraria ali:” Magno, Zaqueu, Carpegiane e Zizinho. Comentou Arapixuna. Com um ótimo potencial, ele sabia que poderia jogar em qualquer time de Santarém, assim como Odemar de Sousa, que o levou para jogar no Norte Clube. Depois foi só um salto para entrar no São Francisco, através do saudoso Pinta Cuia. Fez sucesso jogando ao lado de Zizinho, onde conquistou títulos. Do Leão santareno foi parar no Leão belenense, onde foi junto com Chico Montealegre. Não deu sorte, depois de jogar cinco partidas teve uma torção no tornozelo e quebrou o dedo do pé. Quase um ano parado sem jogar, mas perdeu a motivação para ficar no Clube do Remo, apesar dos azulinos ainda contarem com o seu futebol. Acontece que ele ouvia muitos conselhos. Que deveria ir jogar na Tuna Lusa, pois lá seria titular absoluto, no Remo seria mais difícil, devido estar parado tanto tempo. Pegou corda e foi para a Tuna, onde teria mais oportunidade. Depois de ter feito um bom campeonato, defendendo a Tuna voltou a Santarém de férias e aceitou o convite de Valter Lima e foi jogar pelo Penarol amazonense. Depois de brilhar juntamente com os seus companheiros no futebol amazonense, veio fazer uma partida amistosa na cidade contra o São Raimundo, e num lance do jogo, o zagueiro Walber deu uma bicicleta e acertou em cheio o seu rosto. Afundou o malar e quebrou o nariz. A gravidade do acontecimento fez com que o nosso craque não mais retornasse aos campos de futebol para prosseguir a jogar. O médico proibiu de voltar as quatro linhas para evitar transtornos maiores na sua visão. Ficou impossibilitado de jogar partidas oficiais. Brinca apenas peladas, mas com muito cuidado. Não temos dúvida que ele é azulino.
FRANCISCO ASSUNÇÃO MOREIRA DE AGUIAR, o Assunção. Começou a jogar com 16 anos e em pouco tempo fez sucesso no São Francisco. Com 18 anos foi campeão pelo Leão, chamando a atenção dos torcedores com seu vistoso futebol de qualidade, dois anos depois foi jogar em Boa Vista, onde participou de jogos pela Copa da Amazônia. Foi a sensação, chegou a ser convencido por um repórter da Globo que cobria o Copão, o mesmo queria levá-lo para fazer teste no Botafogo do Rio de Janeiro. De volta ao São Francisco, onde aprendeu a chutar da esquerda e tornou-se um dos melhores laterais da cidade, por um bom período. Daí pra frente o Assunção passou a ser pretendido por vários clubes da cidade, foi para o Fluminense. Depois de um concurso público o jovem foi trabalhar nos Correios e Telégrafos, onde conciliava o futebol com o seu trabalho. Como funcionário dos Correios defendeu a Seleção Paraense contra a Seleção de São Paulo em Brasília e foi Campeão. Foi parar no Clube do Remo, onde Filiba já jogava. Para seguir a carreira de profissional teve que pedir as contas dos Correios. No Leão Azul belenense, não teve paciência com os atrasos de salários e deixou o Remo e foi jogar em Manaus pelo Nacional. Voltou para Santarém e ajudou a fundar o Tapajós, depois foi ser Campeão em 88 pelo Leão, e 89/90/91 pelo Pantera. Incentivado pelo diretor do clube voltou a estudar se formou em professor em Geografia e outra modalidade educacional. Ficou no São Raimundo até 94, depois foi para o Leão e jogou até 97. Além de professor formado, é um grande compositor de sambas de enredo e tem vários títulos pela Pulga campeã de todos os anos. Agora é difícil saber por quem o Assunção torce de Fato. Leão ou Pantera.
ELSON EMÍDIO DAMASCENA FERNANDES, o nosso querido Filiba. Começou no Fluminense, mas foi no São Francisco que mostrou o seu maior talento, sete anos no Leão, seis títulos. Juntamente com Assunção foi defender o Ríver de Roraima no Copão da Amazônia e brilhou para a imprensa nacional, que cobria o evento esportivo. De volta a Santarém veio para o Leão e logo em seguida foi parar no Super-Fluminense de 85. Ganharam todas dentro de campo. “O incrível aconteceu!” Belterra e Filiba eram os mais assediados pelos clubes de Belém e o Clube do Remo levou os dois para fazer teste. Filiba passou Belterra não. Jogou várias partidas como titular no clube azulino e chegou a ser campeão pelo Clube do Remo em 1986, mas quis retornar para a sua cidade e aceitou convite para jogar em Itaituba pelo time de Wilmar Freire, o São Cristóvão. Ficou na cidade pepita até 1990, depois veio para o São Raimundo e foi Campeão em 2003. Ficou no Pantera até 2006 e em 2007 já parado como jogador profissional ficou como auxiliar técnico do Bendelak no clube do Pantera, classificando o clube para o paraense. Logo em seguida aceitou ir trabalhar e jogar novamente em Itaituba, onde uniu o útil ao agradável. De volta a Santarém, Filiba está na Comissão técnica do São Raimundo para Disputar o Campeonato Paraense. É um vencedor e com certeza ainda vai ganhar muito mais. Mas, afinal por que ele torce? São Raimundo ou São Francisco?
Santarém, 08 de Janeiro de 2012.
Raimundo Gonçalves.