Estudo, trabalho e bom senso tiraram um jovem promissor na categoria de
atleta dentro do nosso futebol. Ainda garoto já mostrava a sua categoria com a
bola. Passes na medida e chute certeiro fizeram desse garoto a esperança de um
grande jogador do futuro. Mas, ele tinha um compromisso ainda maior com a sua
família, de trabalhar, estudar e levar a vida a sério. Apesar de ter parado
muito cedo, ainda foi capaz de aparecer como jogador do São Francisco e
Fluminense da 1ª Divisão. JOC, Santiago e Morango no subúrbio. Seleção do Tiro
de Guerra, além de receber um convite para fazer teste na Tuna Luso de Belém.
Geraldo Costa Nogueira, o
Geraldo. Como todo bom garoto sempre procurava os locais de área de jogo perto
da sua casa para brincar aquela pelada. Quando não era na Av. São Sebastião,
era na Travessa Professor Carvalho. Lá se juntava com os meninos da sua época:
Chico Imbiriba, Zizito, Mereré, Solano Dourado, Walter Dione, Haroldo Meireles,
Passarão, entre outros.
Depois vieram as peladas no Barão
do Tapajós e logo começou a jogar na JOC, time dos jovens de Fátima seguir o
time trocou de nome para Santiago. Boa visão de jogo e passes bem feitos,
Geraldo aparecia no meio de campo do time enchendo os olhos de cartolas da
primeira divisão. Zé Buraco, desportista e torcedor do São Francisco, logo
comunicou os dirigentes do Leão, Osmar Simões, sobre o garoto bem de bola que
tinha na Aldeia.
Convite daqui e dali as coisas
começaram a ficar sério para uma decisão, foi quando o seu irmão azulino,
mestre Lauro, endossou o desejo de Zé Buraco e Osmar Simões para o garoto ir
treinar no São Francisco. Muito jovem Geraldo foi jogar no time Aspirante
azulino, com jogadores como: Pão Doce, Chico Imbiriba, Navarrinho, Pacatoca,
Mundinho, Dilton, Pedro Bandalheira, entre outros.
Para participar da família
azulina numa boa, Geraldo fez um acordo com a diretoria no sentido de lhe
ajudar nos estudos, no Colégio Dom Amando. Como ele tinha conquistado através
de uma prova, a metade de uma Bolsa Federal para estudos, o clube só entraria
com o complemento do pagamento para o Colégio. E assim nosso craque seguia
tranqüilo, pois somava seus rendimentos trabalhando na Padaria Lucy. Por isso,
ele mesmo comprava seu calção, seu meião e sua chuteira, que era confeccionada
pelo Mestre Manézinho. Para ter essa
chuteira sobre medida fazia o pagamento ao mestre da sapataria, com pão todos
os dias.
Nos treinamentos nosso craque ralava muito na certeza de um dia ser
titular, num clube de tradição, como o Leão, cheio de craques brilhantes. Mas
Geraldo sempre se destacava nos treinamentos e quase inesperadamente teve a sua
1ª chance fora da sua real posição de volante, entrou no time titular como
ponta esquerda, mas seria melhor nem ter entrado, pois com 20 minutos em campo,
levou uma pancada e foi jogado em cima do cercado, corre mão do estádio pelo
lateral direito Tartaruga, do Fluminense.
Depois, só voltou a jogar no time titular, quando Abdala foi jogar no
Conser Clube. Geraldo entrou jogando nessa escalação, imaginem a
responsabilidade para o garoto: Líbio, Dicoroca, Miguel Coruja, Jó e Acari;
Geraldo e Chico Imbiriba; Rui Sebinho, Bimba, Dote e Navarrinho. Geraldo
prosseguia sempre tendo chances de mostrar o seu futebol e foi ganhando
confiança do treinador e de seus colegas de time. Como vários craques do Leão
eram sempre observados por cartolas de Belém e como o nosso craque chamava a
atenção um dirigente da Tuna Luso convidou o atleta para fazer um teste em
Belém, mas, entrou na jogada um dos azulinos fanático pelo clube, Dr. Reinaldo
Fernandes, e disse: “Ele só viaja se for para fazer no Clube do Remo!” E assim
acabou o fogo dos dois.
A satisfação do futebol traz
saudade de um dia ter sido companheiro em campo de jogadores como, Afonso,
Edwar, Edson Pepeu, Selésio, Paulo
Roberto, entre outros que já foram citados em escalação. Ainda jogando no São
Francisco e nas folgas do Leão, defendia a equipe do Morango da Aldeia, ele foi
servir o Exército (Tiro de Guerra) e lá não poderia ser diferente para o nosso
craque, estava na seleção dos verdes olivas, juntamente com: Walkírio, Eduardo,
Pelézinho, Mouzart, Lulu, Paulino, entre outros.
E voltando ao São Francisco, Geraldo não gostou, quando a direção lhe
chamou para aguardar um pouco as coisas melhorar no clube e suspenderam a ajuda
que davam para os seus estudos. Naquele momento ele já trabalhava na Prefeitura,
então pensou que podia se garantir e se libertar de qualquer compromisso, que
não fosse a sua vontade. E achou melhor sair do Leão, onde tinha dificuldade de
ser titular, pela quantidade de bons jogadores, pediu o seu atestado
liberatório para quem sabe jogar em outra equipe da cidade, em necessidade de
treinar todos os dias, devido o seu trabalho.
Para a sua surpresa a diretoria do São Francisco não quis liberar, alegando
que muitos jogadores tinham saído da equipe, e iam precisar dele pra jogar. Foi
quando o saudoso Elvio Fonseca, o convidou para jogar no Fluminense. Ele
respondeu que até gostaria, mas o Leão não lhe liberava seu atestado
liberatório. Seu Elvio Fonseca tinha um relacionamento formidável com qualquer
cartola adversário e conseguiu a liberação de Geraldo para jogar no time tricolor,
onde jogou apenas um ano. Estavam no time de vários craques como, Bené,
Paulinho, Mondego, Chico Imbiriba,
Leonardo Belterra, Caipira, entre outros.
Foram tantas alegrias neste ano, primeiro por jogar sem precisar parar
de trabalhar, segundo para confirmar um dos seus sonhos, como jogador de
futebol, fazer dupla de meio campo, novamente com Chico Imbiriba, um dos
melhores meio de campo que Santarém já teve. Primeiro no São Francisco, naquele
momento no Fluminense. Não sabe muito bem, se se apaixonou pela família Fonseca,
ou pelo tricolor querido, ao aceitar parar de jogar com apenas 22 anos e
participar da diretoria do clube. Geraldo sempre foi um excelente profissional,
não só como professor, mas como um cidadão comunicativo de boa expressão e
carismático em suas colocações, por isso muito solicitado como orador em certos
acontecimentos sociais, por isso muito se identificou para ser o escolhido para
ser da diretoria do Fluminense e se unir a família Fonseca.
Foi presidente em 1974 e 1975, por vários mandatos permaneceu como
Secretário do clube, além de diretor Social também por vários anos. Como
diretor ostenta os dois títulos consecutivos do clube de 1972 e 1973. Hoje
Geraldo é considerado um abnegado do clube Fluminense, mesmo não estando
participando de eventos esportivos. Feliz por ter sido um dos fundadores da
Escola Municipal de Ensino Fundamental do Fluminense. Geraldo segue cm
tranqüilidade a sua vida familiar, se não foi possível se dedicar como jogador
de futebol, não se arrepende de ter se consolidado como profissional chefe de
família e uma das profissões que muito lhe dignifica, mestre nas escolas e
professor da vida e de seus familiares, honrando seus folhos e sua esposa, Mariacélia,
e seus filhos: Gerliandreson (Gegê) (38), Margeandresan (Nêga) (37),
Gleycyandresan (Gleyce) (35) e Cleydiandresson (Geraldinho) (33).
Santarém, 21 de Abril de 2012.
Raimundo Gonçalves.