Por: Raimundo Gonçalves
Ele veio de uma família de grandes jogadores, Pé de Anjo, Marino, Truíra foram os mais famosos em nossa cidade, mas foi João Góis que mais brilhou no São Raimundo e Seleção santarena. Em Óbidos defendeu o Paraense, em Porto velho brilhou no Ferroviário.
João de Deus Góis, conhecido como “Cacete”. Morreu no Sábado da Aleluia, as 15:45m. Cacete já estava doente há mais de 6 anos, ficou acamado depois de sofrer um AVC. Com o passar dos anos sua saúde foi se complicando até o nosso Senhor vir lhe buscar. Cacete era um maestro dentro de campo com a bola nos pés, jogou no por diversos anos no São Raimundo, fez sua estréia no clube alvinegro ainda no campo do Paysandu, onde hoje é o ginásio Batista. Formou o meio de campo com vários jogadores, alguns de seus parceiros no meio campo do Pantera foi Waldomiro, Getúlio e Miléo.
Ele foi Campeão no São Raimundo em 1949, 1957 e 1960. Jogou em todas as seleções santarenas que fizeram na sua época de jogador em atividade. Sempre comentou comigo que o melhor elenco que jogou no São Raimundo foi o dos anos 40, que tinha o time base com essa formação: Gerson Marinho, Nego Otávio e Chicó; Orlando Cota, Waldomiro e Quixada; Noronha, Cecete, Beleza Preta, Bechara e Goitinho.
Depois de sete anos sem ganhar um título, Cacete voltou a comandar o Pantera no título de 1957. A entrada de Everaldo Martins como um dos abnegados mais fanático do clube e a chegada de Bebé, ex atleta do clube, motivou o São Raimundo na grande conquista. Everaldo Martins comandava fora de campo e Bebé dentro como treinador. Cacete falou também do time base deste ano e preferia quando o time entrava assim em campo: Chico Bode, Orlando Cota, Nego Otávio, João Gogó e Truíra; Getúlio e Cacete; Zé Maria, Mazinho, Goitinho e Edir.
JOÃO GÓIS era considerado o crânio alvinegro por isso ostentava o título de capitão do time. Passes certeiros, chute forte apesar de não gostar de chutar em gol, mas quando preferia a bola sempre entrava.
A oportunidade de arrumar um trabalho foi o principal motivo que Cacete deixou o São Raimundo e foi para Porto Velho. Só se falava na construção de uma ferrovia naquele Estado e juntamente com Queixada, Noronha e Bechara, Cacete foi conhecer outro estado. O convite sempre era feito a homens atletas, pois o comando do trabalho era liderado pelos militares que gostavam de futebol.
Cacete entrou de cara no time do Ferroviário, onde se tornou um ídolo para a torcida e é claro, para os militares. Foi Campeão e defendeu por várias vezes a seleção daquele estado, sempre como referencia dentro de campo. Numa das partidas amistosas defendendo o Ferroviário, Cacete foi jogar na Bolívia e foi a sensação de dois jogos naquele País. Imediatamente os bolivianos ficaram encantados com o tapajônico Cacete e queria ficar com ele de qualquer maneira, mas o poder dos militares pesou mais e ele voltou.
Em Óbidos fez a torcida adversária tremer com a sua técnica e com seu chute violento. Em uma das partidas finais defendendo o Paraense daquela cidade, Cacete foi batido fortemente e saiu carregado de campo. Não pode jogar a segunda partida devido o forte baque sofrido e na decisão foi levado n banco, por precaução, pois a diretoria não pode avaliar se dava pra ele jogar a final. Mas n segundo tempo, Cacete não agüentou ficar no banco vendo seu time perdendo por 1x0. Pediu pra entrar e foi logo marcado o gol de empate, deu o passe para o segundo gol e aos minutos finais o seu time marcou mais um para a alegria dos seus fãs na cidade de Óbidos.
Seu ultimo título pelo Pantera foi com gosto de vingança, desde de 1957 não ganharam mais títulos, que só veio acontecer em 1960, com um elenco bastante modificado o São Raimundo novamente comandado pelo Cacete foi a glória. Vale ressaltar que praticamente no título da despedida do nosso craque, outro jogador estreava sendo Campeão, Inacinho. Aquele time Campeão, Flexa, Dicoroca, Carlito,Piraca e Rubens Cachorro; Miléo e Cacete; Inacinh, Vavá Araújo, Goitinho e Nadir. Porque o título da vingança. Contava um dos diretores do São Raimundo, que depois do título de 1957, o São Raimundo manteve quase o mesmo elenco, onde Cacete e Goitinho eram as razões do bom futebol do Pantera Negra. E com certeza no ano de 1988 o São Raimundo era o favorito para ser bi-campeão. No jogo decisivo, num domingo de sol, começou com a polêmica para o time do São Raimundo. Saiu a notícia como uma bomba, que o pessoal do time adversário teria colocando macumba na entrada do portão do estádio, para que os jogadores do São Raimundo ali pisassem. Everaldo Martins já era um Louco Alvinegro naquela época e acreditava em qualquer coisa que viesse do outro lado.Mandou um recado urgente ao comando técnico do clube que não deixasse os jogadores saírem da sede até que um caminha chegasse lá para apanhá-los. Acontece que em todos os jogos os jogadores do São Raimundo iam a pés para o estádio, eram pouco quarteirões, mas naquele Domingo para o Everaldo Martins seria diferente. Finalmente caminhão chegou com um pouco de atraso e foi aquele corre, corre para não chegar atrasado para o jogo, segundo o dirigente era só o que o adversário queria, ganhar no wxo, por atraso. Liderado pelo Médico, o caminhão encostou-se à beira do murro do estádio, que ficava para a Avenida São Sebastião, de cima do caminha todos os jogadores teriam que pular para dentro do campo para não entrar pelo portão principal. Depois do pula, pula, os jogadores saíram correndo rumo a mesa para assinar a súmula, pois o seu rival já se encontrava dentro de campo.
O São Raimundo venceu e a festa foi em toda a cidade e o comentário era que Cacete tinha sido craque do jogo, arrebentou e fez a diferença. O adversário não teria gostado da derrota. O diretor falou que os jogadores Goitinho, Queixada e Cacete foram festejar no Bar Mascote, com alguns amigos. E lá pelas tantas chegaram três diretores do time adversário elogiando Cacete e que ele teria sido escolhido o craque do jogo e que iria receber um prêmio na Segunda Feira pela Liga Esportiva, mas que precisava assinar um papel em branco que lês trazia na mão. Cacete empolgado e muito bacana de geladas pegou a caneta e assinou.
O São Raimundo venceu e a festa foi em toda a cidade e o comentário era que Cacete tinha sido craque do jogo, arrebentou e fez a diferença. O adversário não teria gostado da derrota. O diretor falou que os jogadores Goitinho, Queixada e Cacete foram festejar no Bar Mascote, com alguns amigos. E lá pelas tantas chegaram três diretores do time adversário elogiando Cacete e que ele teria sido escolhido o craque do jogo e que iria receber um prêmio na Segunda Feira pela Liga Esportiva, mas que precisava assinar um papel em branco que lês trazia na mão. Cacete empolgado e muito bacana de geladas pegou a caneta e assinou.
Na Segunda Feira, no horário de reunião da Liga foi apresentado um protesto do time adversário pedindo os pontos e o título do campeonato. Alegação: Acusavam que não deu tempo do Cacete assinar a súmula e alguém assinou por ele, pois a assinatura não batia. Levaram o papel com a assinatura do Cacete, da noite que ele estava bebendo no Bar Mascote. Segundo o diretor alvinegro, não houve justificativa que fizesse a Liga bater o martelo a favor do Adversário do São Raimundo.
Para continuar no time titular até que poderia cm a idade de mais de três décadas começava a pesar. Mas nunca deixou de bater aquela peladinha gostosa. Cacete foi trabalhar na SUDAN.
A primeira tragédia da sua vida foi quando uma doença terrível do nosso século, o levou a perder uma perna. Desolado teve que aprender viver cm a grande seqüela, o que não era nada fácil. Conseguiu uma perna mecânica que o ajudava a chegar, principalmente nos campos de futebol para assistir um joguinho para matar a saudade da bola, que agora já era impossível para ele. Em 2008, aconteceu a sua segunda tragédia que o inutilizou praticamente, passou a usar cadeira de rodas até chegar ao fundo de uma cama até os seus últimos dias.
A primeira tragédia da sua vida foi quando uma doença terrível do nosso século, o levou a perder uma perna. Desolado teve que aprender viver cm a grande seqüela, o que não era nada fácil. Conseguiu uma perna mecânica que o ajudava a chegar, principalmente nos campos de futebol para assistir um joguinho para matar a saudade da bola, que agora já era impossível para ele. Em 2008, aconteceu a sua segunda tragédia que o inutilizou praticamente, passou a usar cadeira de rodas até chegar ao fundo de uma cama até os seus últimos dias.
Fiz algumas matérias com ele nesse período e pode conhecer melhor o meu amigo João Góis, gostava quando eu falava das suas jogadas de categoria, suas cobranças de faltas perfeitas e seu chute indefensável e que tinha raiva de quem dava bicuda na bola. Sorria, mas logo seu semblante entristecia. Como sofria esse ex-craque, com suas próprias histórias de futebol ao olhar uma das pernas lhe faltando. Para um homem que correu, chutou, driblou, agora em uma cadeira de rodas, não, não era fácil para o meu amigo. Uma vez me confidenciou que sentia a falta de alguns companheiros da bola, nunca mais tinha lhe visitado. Comecei a levar comigo alguns deles, assim que podia ir lá. Inacinho, Mazinho, Orlando Cota, Truíra seu irmão, quando veio de Belém. Nesta semana da sua morte, esteve lá o seu companheiro Piraca. Minha ultima visita ao meu amigo Cacete foi na Sexta Feira Santa, ainda balbuciou algumas palavras para mim, ele estava muito debilitado para logo a seguir no Sábado da Aleluia seguir para uma nova vida. A perda do ente querido para a família foi dolorosa, mas percebemos a decepção que tiveram. Era desejo dele antes de morrer e da família, que a bandeira do São Raimundo fosse colocada na sua urna no velório e na caminhada para a sua ultima morada. Acreditem, alguns membros da diretoria foram informados do desejo da família, mas não foi possível atenderem o ultimo pedido. Pelo que a família entendeu, o glorioso são ao Raimundo, na tem bandeira!
Santarém, 10 de Abril de 2012.
Raimundo Gonçalves.