DIVIRTA-SE COM ESSE JOGO



HOMENAGEM MAZINHO
Quem viu o jogar, não tem dúvida que ele está na vitrine dos astros, como um atacante fora de série. Os mais velhos comentam: nunca mais aparecerá em Santarém, um jogador com tamanha habilidade, rapidez, velocidade e finalização exata dentro da área inimiga. Ele foi o desejo das grandes torcidas, o esperado de cada diretor, pelo futebol de primeira e humildade, acima de tudo. Este atleta exemplar é Francisco Nonato dos Santos, o popularíssimo Mazinho.
Foto com Manoel maria
Jogou no São Raimundo, Fluminense, Bonsucesso e no São Raimundo (AM). Sua timidez quase impede de ser um jogador em clubes tradicionais, segundo ele, era o porte físico que o impediam de jogar entre os mais avantajados fisicamente. O inesquecível Miléo, cabeça de área do São Raimundo conhecia muito bem o neguinho endiabrado com a bola nos pés, desde o tempo de Coroa de Areia, área principal das boas peladas de praia da época. E quase cansou de convidar Mazinho para ir treinar no São Raimundo. “Eu não tinha medo, era um pouco de vergonha, com um corpo fino, altura de menino no meio de jogadores grandes e fortes, me perguntava: O que vou fazer aí no meio deles, afinal era o São Raimundo de grandes atletas.” Mas, esse temor não durou muito tempo, até que o Miléo conseguiu levar o garoto de 16 anos para a Toca Alvinegra. Nos treinamentos Mazinho foi lançado como meio de campo, logo agradou o treinador, toque de bola preciso e muita habilidade, demonstrou dentro de campo um domínio de bola fantástica e a audácia de ir ao ataque e finalizar com precisão, fato que logo chamou a atenção do técnico. Com o passar do tempo e dos treinamentos, Mazinho foi provido para ser o reserva do meio campo, ídolo do time Cacete (João Góes), conhecido por sua alta habilidade dono da camisa 8 do time há mais de década.
FOTO DO MAZINHO 18 ANOS
Porém, nosso craque jamais imaginou que sua estréia estava para acontecer num jogo oficial e de campeonato, mas, aconteceu. Cacete estava contundido e não tinha condições de jogo, logo Mazinho foi escalado em seu lugar no meio campo, contra o Norte Clube, o neguinho como era carinhosamente apelidado, deitou e rolou, imaginem, fora da sua real posição, que era de centro avante. Fez dois belos gols na vitória de 3x1. A torcida sentiu que estava ganhando um novo ídolo. A partir deste jogo o treinador criou juízo e colocou Mazinho na sua real posição e ele virou dentro do clube um dos maiores atacantes da sua geração. Como prêmio de pé quente veio o seu primeiro título em 1957, com bases de jogadores que já eram consagrados e outros como ele chegando no time titular. Orlando Cota, Nego Otávio, Rubens Cachorro, Goitinho,  Cacete, Adir, faziam parte dos mais experientes, enquanto o próprio, Mazinho, Zé Maria, Truíra, Getúlio, João Gogó, começavam a brilhar como novos ídolos. Além dos demais que vaziam parte do grande elenco. Jogando entre jogadores experientes, Mazinho ganha o seu primeiro título com 18 anos de idade.

Foto com vava
O craque faz um comentário à parte, do desportista mais apaixonado pelo ao Raimundo, Dr. Everaldo Martins. Quando chegou a Santarém ele tinha tudo para ser torcedor do São Francisco, afinal em Belém era Leão Azul de coração, mas, o destino quis que fosse um dos mais ilustres torcedores do  Pantera  santareno e fizesse pelo clube tudo para o São Raimundo se tornar um time vibrante e respeitado na cidade e em todo Oeste do  Pará.  “Everaldo Martins era o princípio, meio e o fim dentro do São Raimundo, tratava seus jogadores como filhos, as vitórias eram sempre comemoradas com festas e nas derrotas chegava a chorar junto com os jogadores, ele foi o mentor de um dos melhores esquadrões do Pantera, chamado “Escrete de Ouro”. Nunca vi em Santarém nenhum torcedor ou diretor tão fanático pelo seu clube como o Dr. Everaldo Martins.” Mazinho relembra com saudosismo uma das peripécias  do Dr. Everaldo Martins pela vitória do seu clube. Certo Campeonato, os atacantes do time estavam fazendo poucos gols nas vitórias e ele queria que o time marcasse muitos gols em uma partida, principalmente quando fosse contra clubes de Menos expressão no certame para ter saldo de gols.

Srec de branco
O próximo jogo era contra o São Cristóvão, o diretor fanático fez uma reunião com os atletas bem antes do jogo e pediu que todos se esforçassem o máximo e aplicasse uma sonora goleada no  adversário para ganhar mais moral contra o seu mais temido rival. Prometeu um bicho gordo para quem fizesse gol. Dentro de campo com o aval do capitão Inacinho, fecharam um acordo de fazer de Mazinho o artilheiro do jogo e assim ele repartiria o montante com os demais jogadores. E começou a triste sorte do São Cristóvão, a cada gol do Mazinho. Everaldo Martins vibrava correndo de um lado para outro. Quando o nosso artilheiro marcou o 8º gol, o médico gritava da beira do campo, tá bom Mazinho, chega de fazer gols. Não se sabia se era por pena do adversário ou do bolso, aflito o diretor chamou Inacinho à beira de campo e falou: Diga ao Mazinho que ele está proibido de fazer mais gols. Inacinho se aproximou de Mazinho, e o goleador perguntou: O que ele falou? Como quase todos nós conhecemos o negão. Correu e chegou ao ouvido do Mazinho e falou: Companheiro, o homem quer mais gols!  Imaginem a duas situações, do São Cristóvão e do bolso do saudoso Everaldo Martins.
Foto de ouro branca
A tristeza e desespero do médico quando soube que o seu artilheiro estava de malas prontas para ir jogar em Manaus. Mazinho tinha arrebentado nos jogos amistosos contra o Flamengo (RJ) e Bahia, sempre marcado pelo Ditão Flamengo e Sapatão Bahia, dos gigantes no tamanho e na malvadeza, Mazinho conseguia ser o cara, deixou os dois várias vezes a ver navios. Na arquibancada estava um cartola amazonense, que já vinha desejando Mazinho para o seu São Raimundo amazonense e depois de ver o neguinho bom de bola, não teve mais dúvida e assediou o artilheiro com um bom salário e mordomias na capital amazonense. De inicio Mazinho ficou em dúvida, mas, o Dadinho, outro grande jogador do São Francisco queria jogar em Manaus, com a companhia nosso craque e Mazinho aceitou. O drama da despedida de Mazinho quase levou o Dr. Everaldo Martins à loucura, quando soube da sua viagem correu com alguns de seus diretores e foi no barco buscar Mazinho, mas não conseguiram encontrá-lo. Mazinho se enrolou na rede entre tantas outras e fingiu que dormia, assim não conseguiram encontrá-lo. Em Manaus foi jogar no São Raimundo, tornou-se ídolo e até jogou na seleção amazonense. De volta a Santarém voltou para ganhar mais título ao seu São Raimundo.
Foto do título 64
Uma das figuras principais dos títulos de 1963, 1964 e 1966, era mais que um esquadrão de clube. Genésio, Pedro Nazaré, Piraca, Santos e Javali; Miléo e Amiraldo; Vavá Araújo, Mazinho, Inacinho e Goitinho. No ano seguinte: Genésio, Pedro Nazaré, Piraca, Santos e Chico Cutite; Miléo e Amiraldo; Vavá, Mazinho, Inacinho e Paraguaio. E na era Manoel Maria: Genésio, Pedro Nazaré,  Inacinho, Ricardo e Brito; Caramuru e Amiraldo; Manoel Maria, Mazinho,  Inacinho e Nazareno. Tinha cadeira cativa em todas as seleções santarenas da sua era. Hoje, Mazinho continua com o seu Pantera no coração e sempre é visto no Estádio Colosso do Tapajós,  torcendo pelo seu clube de coração. Mazinho com 74 anos bem vividos, mas ainda se parece como um garoto.
Santarém, 20 de Junho de 2013
Raimundo  Gonçalves.


TRADUTOR DE BLOG