Do bairro da Aldeia não poderia ter deixado de começar a sua trajetória vitoriosa, não pelo São Raimundo. A convite do Lacrau, um ex-jogador do clube, Acari vestiu a camisa alvinegra. E ralou muito para jogar no time titular, só conseguiu no ano seguinte. Mas, uma desilusão maior veio acontecer. Depois de uma excursão a Manaus onde foi titular absoluto, ficou de fora de uma próxima excursão para a cidade amazonense, sem entender nada, apenas lamentou com outro colega de time que também não foi chamado, Estelito Dicoroca. A diretoria do São Raimundo não refletiu a besteira que fez, e de imediato a diretoria do São Francisco levou os dois jogadores para a toca do Leão. José Pereira de Siqueira, Acari, se deu muito bem. Tornou-se um dos melhores laterais esquerdo de Santarém e do Pará. Foi destaque em nossa seleção e desejado por vários clubes do Brasil. Depois de ganhar títulos pelo Leão santareno foi ajudar a Tuna Luso a ganhar um título que não ganhava há 12 anos. O saudoso Ubaldo Campos Corrêa foi quem levou o craque para Belém. Jogou 6 anos consecutivos na Cruz de Malta como titular, porém, em 1975 recebeu a notícia que abalou sua estrutura de vida profissional. A morte do seu pai. Foi liberado para vir ao funeral do seu pai e nunca mais voltou para jogar na Cruz de Malta. Até hoje o seu atestado liberatório foi pedido. Acari perdeu a motivação para o futebol profissional. José Pereira de Siqueira continua morando em Santarém, jogando apenas peladas nos finais de semana. E afinal, qual é o seu time de coração?
Moleque das peladas de praias, vigor físico aprimorado para agüentar os grandes rachas das partidas decisivas. E foi parar no Aspirante do São Francisco, como centro avante, não poderia dar em nada. Baruca era o treinador e exigia que o garoto desse show no zagueiro Miguel Coruja, era difícil. Sem mostrar avanço como atacante, o técnico Baruca mandou o garoto ir embora. Ronildo que jogava no Aspirante do Pantera, convidou Helvécio para jogar no São Raimundo. Lá foi logo Campeão, mas como zagueiro, a sua posição. Levou a sério os treinamentos para ser titular e teve a sua chance com o treinador Valdo Abdala, no Torneio início. Jogadores titulares do time gostavam do Sabiá e Inacinho era quem mais incentivava o garoto, no jogo de estréia no torneio, o Negão foi para o ataque só para Helvécio entrar na zaga ao lado do Ricardo. Helvécio poderia ter ficado no Pantera, mas o clube não pode segurar o atleta que precisava de ajuda para continuar seus estudos, diretoria do São Francisco mais organizada assumiu o jovem craque que deu muitas alegrias ao Leão Azul santareno antes de partir para uma nova vida fora de Santarém. Foi tri-campeão pelo São Francisco, e participou da seleção santarena juntamente com vários craques da época e ganhou notoriedade como um verdadeiro xerife dentro da sua área. Helvécio Siqueira dos Santos partiu de Santarém aos 21 anos de idade e foi diretamente para Porto Alegre para estudar, não deixou passar a oportunidade que teve de jogar no Cruzeiro, mas a incompatibilidade com o treinador Ênio Andrade foi um prêmio para apenas passar por São Paulo e finalmente chegar ao Rio de Janeiro para realizar o seu maior objetivo. Fez economia, direito e faz consultoria Financeira na capital carioca. Apesar de morar no Rio de Janeiro, tem o prazer de sempre visitar a terra querida com a sua amada Rosane. O Rio de Janeiro capital da ilusão, que imaculou meus sonhos e prendeu meu coração. E o vento que me trouxe, embalavam um caboclo sonhador e a minha voz te chama Santarém do meu amor. Pequena Alter do Chão, rogue a Virgem Conceição, pra que eu volte e pare de chorar... Leão roxo, depois de vestir a camisa alvinegra.
Vindo de Monte Alegre nos anos 60, defendeu com muita categoria o clube azulino por vários campeonatos, sendo um dos grandes goleadores. Apesar de na época o São Francisco ter diversos atacantes de grande talento e artilheiros como Edwar, Bimba e Paulo Roberto, o Monte Alegrense Afonso Lins se destacou com a sua técnica apurada e chutes perigosos no gol. Por isso não ficou em Santarém. Mas certo dia foi convidado para se integrar na equipe do São Raimundo para uma excursão em Manaus e assim o goleador azulino vestiu a camisa alvinegra e mostrou o seu talento. Foi notável em Belém, ídolo em Manaus e super ídolo em Portugal. No auge do seu sucesso, retornou de férias a sua cidade, Monte Alegre, num passeio com amigos e parentes, sofreu um acidente de carro e morreu. Sua morte foi muito comentada pelos cantos do país, principalmente onde jogou e mostrou todo o seu talento. E agora! Como saber qual era o seu clube do coração? Leão ou Pantera?
Santarém, 29 de Outubro de 2011.
Raimundo Gonçalves.






