Vavá Araújo, nome que se tornou manchete após muitos jogos do São Raimundo. Atacante veloz e de habilidade rara correndo com a bola nos pés. Ponta direita nato dos anos 60. Preciso nas decisões e foi muito útil em campo. Foi desejado por clubes de fora de Santarém, mas nunca aceitou sair da sua terra querida, e de perto da sua família. Foi com ela que aprendeu o gosto pelo futebol. Seu pai um torcedor fanático pelo ao Raimundo. Sempre dizia sem demagogia, mas, com muito respeito, o que deu na cabeça do Pedrinho, meu filho ser adversário nosso, dentro de campo? Coisas do futebol seu sabazinho, dentro do seu lar só se respirava Pantera, mas, tinha um filho que jogava no Leão santareno, Pedrinho Araújo. A família Araújo protagonizou muitas vitórias alvinegras, onde Vavá Araújo foi um dos mais carismático e bom de bola dentro dos gramados por onde atuou, como atacante de alta qualidade.
Depois de Vavá veio o seu irmão mais novo, o saudoso Antonio Walter, meio de campo de classe e muita categoria, morreu em acidente de carro. Foi Campeão pelo São Raimundo em 1971 e 1974, outro irmão mais velho é o Pedrinho Araújo, que jogava o fino da bola defendendo o São Francisco, foi protagonizador de várias atuações de gala, e jogava em todas as posições da defesa e do meio de campo. Podemos citar ainda da família Rubens Araújo e Rosinaldo Araújo, que também brilharam defendendo o clube do Pantera. Com nomes de guerra, Rubens Cachorro e Surdão. Família que se tornou mais famosa em nossa cidade pelo futebol praticado pelos seus membros ímpares.
Osvaldo Rodrigues Araújo, Vavá Araújo.
O saudoso craque nasceu em Fordlândia, terra de grandes craques que brilharam em Santarém e em outros estados. Mas foi em Santarém que aprendeu a amar e defender as cores do São Raimundo.
Na Pérola do Tapajós Vavá optou pelo clube que seu pai se apaixonou, e foi ainda garoto jogar no Pantera Negra. Na sua ultima entrevista, Vavá Araújo lembra que permaneceu 4 anos no clube sem jogar no time titular e tinha que se conformar, era ainda muito garoto e como entrar no lugar do Noronha, o titular do time e dono da bola na época. Justamente na época que Vavá Araújo chegou no Pantera havia um início de renovação, mas os craques consagrados de outros títulos anteriores permaneciam com todas as cartas para jogar e defender o clube alvinegro, era o caso de Flexa, Orlando Cota, João Gogó, Getúlio, Rubens Cachorro, Noronha, Zé Maria, Edir, entre outros que eram titulares e experientes para um jogador entrar no time titular, tinha de ser ótimo, foi o caso de Vavá e Inacinho, ainda garotos deram logo o que falar, com as suas habilidades.
Porém, Vavá Araújo estava no clube que queria, então teve que aguardar a oportunidade. E ela só veio no ano de 1959, num jogo amistoso na cidade de Alenquer, contra a equipe do Internacional, com a vitória e marcando gols, nosso craque virou titular na nova equipe alvinegra. No campeonato do ano seguinte o jovem já era titular absoluto e deu ao seu irmão mais velho, Pedrinho Araújo o desgosto de marcá-lo a cada confronto RaixFran, nãoera fácil marcá-lo quando caia pela ponta direita.
Com um elenco bastante renovado o São Raimundo surpreendeu os adversários com um futebol técnico e com rapidez, principalmente com Vavá Araújo e a entrada do garoto Inacinho. 1º Título pelo São Raimundo foi em 1960, com 22 anos de idade, com o seu futebol e o seu carisma, ele já se tornava um dos líderes dentro de campo. Neste título atuou mais de centro avante do que ponta direita é que neste ano, outro jogador novo fazia sua estréia, e foi parar na ponta direita, o Inacinho. E assim o Pantera Negra conquistava o seu 3º Título da cidade com o time base assim: Flexa, Estelito Dicoroca, Piraca, Carlito e Rubéns Cachorro; Miléo e Cacete; Inacinho, Vavá Araújo, Goitinho e Nadir. A partir daí Vavá Araújo passou a ser referência de um time vencedor.
Brilhou novamente em mais um título do São Raimundo em 1963. Foi quando retornou para a ponta direita para que o São Raimundo tivesse naquele ano o ataque mais poderoso de todos os tempos, segundo Everaldo Martins. Seu Guilherme apelidava os avançados do Pantera de ataque arrazador. O goleiro era o Genésio, a linha de zaga, Pedro Nazaré, Piraca, Santos e Javali; no meio campo, Miléo e Amiraldo e o ataque mortífero: Vavá Araújo, Inacinho, Mazinho e Goitinho. Era impossível vencer este elenco jogando futebol. Depois o nosso saudoso Vavá Araújo ganharia o seu ultimo título como jogador no clube que tanto amou. Foi o bi-campeonato em 1964. Ele continuou arrasando pela ponta direita, foi quase o mesmo time de 1963, apenas Chico Cutite entrou no lugar de Javali e Paragauio no lugar de Goitinho, em alguns jogos.
Continuou no time, mas, não foi mais campeão como jogador. Nosso craque brilhou muito contra clubes de Belém, quais sempre desejaram o seu futebol. Foi por várias vezes, protagonista de partidas inesquecíveis contra equipes como Esporte Recife, Bahia, Flamengo e América (RJ). Na seleção santarena era uma figurinha sempre premiada nas convocações. No final de carreira, ainda jogou pelo Fluminense, atendendo um pedido do seu amigo Élvio Fonseca, formaram um elenco de saudade a aqueles que conheceram os craques que presenteavam os torcedores com o bom futebol e muitos gols. E o Fluminense se apresentava para a torcida e seus admiradores com esses jogadores fantásticos: Cláudio, Odávio, Orlando Cota, Ricardo e Pedrinho Araújo; Leobino, Birimba e Fernandes; Vavá, Mazinho e Nazareno. Quando virou treinador foi treinar o seu São Raimundo, onde por anos alternados era sempre chamado para levantar a moral do elenco. Por ter sido atacante sua maneira de dirigir era sempre colocando o time no ataque. O Fluminense foi outro clube que muito se utilizou do trabalho de Vavá Araújo, também por vários anos ele defendeu as cores tricolores.
Foi um treinador experiente, disciplinador gostava de treinar craques consagrados, e garotos que estavam começando, e todos nutriam por ele um grande respeito. Foi um homem vencedor no futebol. Com a sua humildade sempre serviu a quem lhe vinham como num jogo interestadual contra o Esporte Recife, foi emprestado do São Raimundo para o América, a pedido do velho Manoel Moraes. Vavá se comportou com elegância no banco de reserva, quando o clube dos Moraes levava uma goleada de 9x0. A bola chutada pelos atacantes do América, não entrava, o goleirão Manga não deixava passar nada e quando faltavam uns 10 minutos para o jogo terminar, o treinador mandou Vavá entrar. O saudoso atacante estava ali para isso, e como respeitava o pessoal do América e dava valor no seu futebol foi para guerra, mesmo perdida. De cabeça marcou o único gol no Manga. Esse gol foi muito comemorado por ele e pelos seus amigos, por se tratar de conseguir vazar o gol do goleiro da Seleção Brasileira. Contou-nos Vavá Araújo.
Para agradar os seus amigos Mazinho e o Bada, também jogou no Bonsucesso. João Otaviano Matos e Pedrinho Araújo conseguiram fazer o Vavá contrariar o seu pai, quando jogou algumas partidas defendendo o São Francisco. Mas foi por alguns dias depois já estava de volta para o seu São Raimundo. Conta Vavá Araújo que em certa vez foi procurado pelo seu vizinho Dídimo Sousa, torcedor mais que fanático pelo São Francisco e seu vizinho de morada. Chamou o Vavá l´ano Mercado Municipal e disse. Vavá, eu te quero bem e respeito toda a tua família, mas se tu viesse jogar no São Francisco, aí tu serias como um filho para mim. Vavá muito comovido, respondeu para o seu Dídimo Sousa com respeito que tinha por ele: “Dídimo eu compreendo o seu desejo e até poderia quem sabe, mas você conhece o meu pai, porque não falas com ele? Mas, eu já falei pro compadre sabazinho! E o que ele disse? Não vem o caso, tudo depende de ti! O que foi que ele disse? Bem ele disse que gostava muito de mim como vizinho de muitos tempos, mas quanto torcedor, ele queria distancia de mim! E ali acabava mais um assédio dentro do futebol.
Vavá Araújo atleta querido, carismático e conquistador, por isso na sua história familiar teve quatro esposas e com elas teve seus filhos queridos, que estavam presentes na sua ultima despedida. O filho mais velho é o nosso querido e conhecido Prof. Serginho, filho da saudosa Dulce, sua primeira mulher. Da segunda, dona Odenildes, nasceram Lana e Leoca, que chegou a ser treinado por seu pai, Vavá Araújo, jogando pelo Fluminense. A terceira foi à saudosa Ilza, com quem o nosso querido Vavá Araújo teve três filhos: Luiz Carlos, Márcio e Marcelo, este chegou a ser Campeão pelo São Raimundo, atuando como zagueiro. E sua ultima esposa foi dona Girlane, mãe do ultimo filho do saudoso, o Ian, o garoto criança, que conviviam muito com o pai nos últimos dias de sua vida. Vavá Araújo Já vinha cuidando da saúde há tempo, mas uma parada cardíaca foi fatal e ele morreu na Segunda Feira as 16h00min horas de uma parada cardíaca, no Hospital Regional de Santarém, aos 70 anos de idade. Seu corpo foi velado na sua residência na Avenida São Sebastião, quase canto com a Travessa Barjonas de Miranda. Muitos amigos e companheiros dos clubes de futebol onde ele jogou compareceram para o ultimo adeus. Seu sepultamento foi na Terça Feira as 16h00min horas no Cemitério Nossa Senhora dos Mártires. Acompanhado pelos familiares, e amigos. Na Urna, uma bandeira do São Raimundo, com a frase: “Aqui um eterno alvinegro”.
Santarém, 30 Junho de 2012.
Raimundo Gonçalves.
