DIVIRTA-SE COM ESSE JOGO

O ADEUS A EDIMAR


O mês de Junho de 2012 deixou marcas sofridas, as famílias que perderam seus ente-queridos, ex-jogadores de futebol. Nos últimos dias do final do mês, nos deixaram. Vavá Araújo, Edimar e Carlito. Não poderíamos deixar de homenagear esses ex-craques, que muito fizeram pelo nosso futebol, mas como morreram os três em dias seguido faremos a homenagem a cada final de semana. Sábado passado foi Vavá Araújo, neste Sábado será Edimar Paiva, e no outro final de semana faremos do Carlito. Apareceu fazendo barulho por onde chegava, nas peladas ou nos clubes que jogava ainda garoto, Edimar Paiva dizia o queria e se o contrariasse e ele virava fera, foi apelidado de Doidão pelos colegas mais íntimo. Edimar pode se considerar um jogador extraordinário como goleiro, jogou em três clubes tradicionais da cidade e foi Campeão em todos. Sempre com muito entusiasmo que ostentava cinco títulos consecutivos, que poucos aqui conseguiram. 
Campeão pelo São Francisco em 1969 e 1970. Campeão pelo São Raimundo, em 1971 e pelo Fluminense em 1972 e 1973. Tinha muita saudade dos tempos que iniciou a jogar ainda moleque. O nome do time era Canto do Rio. Falou com voz baixa  e com muita tristeza quando falou o nome do seu grande amigo e companheiro, Arinos. Pois soube que o mesmo morreu na cidade amazonense, sozinho em um quarto de uma estância. “O time era do Nego Arinos e do Sudário, ali tudo era organizado e a maioria dos garotos daquele time depois viraram ídolos no futebol santareno como: Eu, Bosco, Carlitinho, Edu e Arinos. 
Ficamos juntos no São Raimundo e no ao Francisco”. Falou o saudoso craque. No início virou piada no Leão. Ferreirão, pai do saudoso Nando e do Preto Marabá era o treinador do Aspirante do São Francisco e levou Edimar para defender o Leão, ainda com o corpo fransino, ninguém acreditava naquele moleque espirrado como citaram outros mais velhos. Em um dos treinamentos iniciais aconteceu o inesperado.  O time de Aspirante treinava com os titulares foi quando Edwar, arapixunense da gema era considerado tanto pelo bom futebol como pelo chute violento. E acertou um daqueles violentos na direção do gol de Edimar, garoto muito  essperto, não se intimidou e foi pra bola para não dá rebote, segurou firme, mas devido a violência do chute foi com bola e tudo para dentro do gol. 
Teve que ouvir por muito tempo as piadas sobre essa defesa. Edimar disse que quando chegou ao Leão nem pensava em jogar no meio das feras, pois na época o São Francisco tinha dois goleiros considerados titulares, Carlito Galo e Xabregas, e dois reservas lutando para entrar no time titular, Marcelo e Eduardo. Sua chance foi escrito nas estrelas. O Leão foi fazer dois jogos em Parintins e pelos santos de Edimar, nenhum dos quatro goleiros puderam viajar com o clube. O jovem Edimar foi acionado e como o único goleiro, em campo tiveram que improvisar o saudoso zagueiro Ganso como seu reserva. Não bastava não ter goleiro para Edimar se sentir o cara, ele sabia que tinha de fazer bonito, aquela era a sua chance de ouro. Das duas vitórias do Leão Azul por 3x1 e 2x1,  o jovem goleiro foi o craque do jogo, clubes de Parintins não eram fáceis de ganhar. O próximo jogo do São Francisco era na volta em Óbidos,  apressadamente Chico Coimbra , então presidente do Leão, tratou de levar com ele para a cidade de Óbidos os dois goleiros Carlito Galo e Xabregas, mas ao tomar conhecimento do sucesso de Edimar no gol azulino, não teve dúvida. 
 “Quero ver esse novo goleiro do meu time”. Era tudo que Edimar queria, foi pro jogo e na garnde vitória de 4x2, nosso goleiro pegou até pênalti cobrado pelo maior ídolo obidense, Pacu, irmão do ex-jogador do São Raimundo Pincha. Um jogo inesquecível para o nosso saudoso Edimar, que relembrou com exatidão a escalação daquela vitória azulina. Edimar, Guajará, Helvécio, Dias e Acari; Da Silva e o saudoso Chico Imbiriba; Carlitinho, o saudoso Arinos (Edu), Cabecinha E Navarrinho. Edimar conta que a sua sorte estava no ar e tudo aquilo parcia um sonho para ele. Logo que chegaram a Santarém, todo o elenco tomou conhecimento que o Leão receberia no Elinaldo Barbosa a equipe do São Raimundo de Manaus, algumas modificações foram feitas na equipe, inclusive a volta de Carlito Galo para o gol. Mas o Leão não foi bem e perdeu a partida, Chico Coimbra inconformado pediu a direção do clube amazonense um novo revanche e falou aos seus diretores, se caso esse jogo der prejuízo, eu assumo as despesas, mas quero o mesmo time da excursão. Final de jogo 1x1 e o nosso saudoso Edimar etava novamente nas páginas como o salvador do empate contra o clube amazonense. Uma excursão inesquecível para Belém e Macapá. Um show e Belém e um Super show em Macapá. E foi contra o Santana de Macapá, que tudo aconteceu, quando o timaço do Leão entrou em campo, eles sabiam de seus valores, a torcida adversária não conhecia aquele elenco de nanicos como apelidaram e ensaiaram uma vaia quando o time do Leão entrou em campo com os baixinhos na frente: Guajará, Maromba, Cuca, Da Silva, Arinos, Carlitinho e Navarrinho e tome vaia e menosprezo pelos jogadores do Leão por causa do tamanho. Dentro de campo o show dos baixinhos e o momento magistral para o nosso saudoso goleiro. Edimar pegava todas e em dado momento foi um ataque fulminante do adversário, um bate rebate dentro da área e sobrou pro atacante deles, que viu o goleiro Edimar voltando para sua meta. A bola já tinha sido jogada por cima dele. Nosso craque não tinha outra solução, se posicionou e evitou que a bola entrasse com uma sensacional bicicleta. Rodrigo Maia, diretor do São Raimundo o levou para o clube alvinegro para ser campeão, apesar do Pantera já está com o goleiro Walkir como  titular, Edimar estava presente no título de 1971. Renato Sussuarana foi o contato para ele ir defender o Fluminense e se manter entre os goleiros mais vitoriosos do futebol santareno, conseguiu dois títulos consecutivos o de 1972 e 1973, com formações memoráveis de jogadores como: Edimar, Boquinha, Dias, Orlandino, Gadelha,Vanjinho, Carlos Alberto, Jonatas, Vieirinha, Odair, Laurinho, Bendelak, entre outros. Ficou na sua história, 895 minutos sem levar gols, foi árbitro de vários clássicos do nosso futebol e um grande desportista santareno. Edimar morreu dia 25 de Junho às 13h30min de Complicação Respiratória, onde teve três paradas cardíacas, a ultima foi fatal. Seu corpo foi sepultado, em 27 de Junho, as 10 horas no Cemitério Nossa Senhora dos Mártires. 
 Deixou como órfãos: Alércio, Alailson, Alaíse, Aurinez, Aurilene e Ione do seu primeiro casamento com dona Ione. E Érika Inês (06), Carlos Eduardo (04), com a sua segunda esposa, dona Ivanilda (Nega). A qual estava ao seu lado nos seus últimos momentos de vida. Um dos fatos que mais me comoveu foi quando o seu filho caçula, Carlos Eduardo. No 1º dia do velório, ele perguntava a mãe se o pai dele não iria acordar logo para ele dar um abraço de todas as manhãs. Logo depois do sepultamento, o que nós presenciamos, ele chamou a mãe dele e falou: “Mamãe, hoje eu falei com Jesus, e pedir pra Ele trazer o papai de volta rápido, com saúde, pra gente ir junto pra taberna comprar pão e iogurte!”

Santarém, 13 de Julho de 2012.
Raimundo Gonçalves.                    

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