DIVIRTA-SE COM ESSE JOGO

HOMENAGEM A ZÉ CARLOS

Há 16 dias noticiamos no face, a morte do nosso saudoso craque Zé Carlos. O grande lateral esquerdo nos deixou, no dia 05/07 As:15 40min. Vítima de uma parada cardíaca fulminante. José Carlos Mota Matos ficou conhecido no nosso futebol como Zé Carlos. Apesar de ter começado a jogar na ponta esquerda foi como lateral que ficou famoso na elite do futebol santareno. Zé Carlos vinha fazendo tratamento de saúde há três anos, quando foi detectada a doença, “Mielona Mútiplo”, é um tipo de Câncer no sangue, que provoca o enfraquecimento dos ossos. O 1º grave problema foi à fratura do fêmur. Fez uma cirurgia e chegou a fazer Quimioterapia, foi várias vezes a Belém para acompanhamento a um tratamento periódico. Estava com viagem marcada para retorno do tratamento esses dias. No dia da sua morte ainda chegou a almoçar, mas horas depois passou mal e veio a falecer. Zé Carlos veio de uma família de jogadores, conhecidos do nosso futebol como: Lúcio Santarém, Banico e Toninho.

Quando ainda garoto queria ser atacante. Fazer gols era a sua meta, o sonho só acabou, quando o Luiz, técnico da Tecejuta o colocou como lateral esquerdo, posição que chegaria até a seleção santarena dos ano 70. A 1ª camisa a vestir de um clube foi na Juvenil do Santos, do saudoso Nova Olinda. Para jogar na 1ª Divisão teve o olhar 43 do desportista Luiz Carlo Botelho, na época treinador do São Cristóvão, quando viu o garoto jogando não teve dúvida o levou para o São Cri Cri. A seguir, vestiu a camisa Rubro Negra e se apaixonou de vez pelo Mengão. Seu sonho de um dia vestir a camisa do Flamengo não deu, mas a do Flamengo da Prainha defendeu com muita honra. O Clube caçula da cidade, Tecejuta começou a juntar craques de bola para forma um grande elenco e Zé Carlos era um deles. Com tantos jogadores contratados o treinador Luiz tinha a mais em umas posições de menos em outras. Foi quando chegou até Zé Carlos e disse: “Na tua posição de ponta esquerda tem muitos bons jogadores, mas se quiseres até ser titular, vai para a lateral esquerda que tem pouca gente.” Nosso craque inteligente, não teve dúvida aceitou a camisa seis e se tornou umas das estrelas do time das fibras.
Com seu nome em alta no nosso futebol, dirigentes do São Raimundo e São Francisco correram atrás do bom lateral, mas quem chegou 1º foi o Chico Coimbra e João Otaviano do Leão Azul. Como o campeonato santareno tinha terminado, o São Francisco ia fazer um jogo contra o clube carioca Madureita e Zé Carlos teria a sua 1ª chance de jogar no clube azulino. Treinou como um louco para jogar, apesar dos seus 20 anos de idade, acreditava no seu taco, mas quando chegou à hora da verdade, o treinador achou que ele era muito novo e resolveu entrar com o conhecido lateral esquerdo Acari, que jogava na Tuna Luso e estava de férias em Santarém. Nosso craque aceitou a reserva sem reclamar e entrou somente no 2º tempo. Apesar da vitória do leão por 2x1, Zé Carlos ficou decepcionado com o São Francisco e nunca mais apareceu na toca do Leão. Zé Carlos foi convidado para jogar no América, onde ficou uma temporada, depois voltou para o seu Flamengo. O clube da Prainha montou um timaço: Dário, Quebra, Nando, Edson e Zé Carlos; Nova Olinda e Tomé; Benézinho, Lobato, Jango e Haroldo. Com o seu time em alta no campeonato, logicamente que seus jogadores foram bem vistos na grande campanha.

Desta vez Everaldo Martins e Elpídio Moura não perderam a chance e foi buscar Zé Carlos, que tinha feito um excelente campeonato e foi destaque na ala esquerda e logicamente os cartolas alvinegros queriam no São Raimundo. No 1º ano não deu para ganhar o seu primeiro título pelo Pantera, mas no ano seguinte recebeu a faixa de Campeão 1974. Pedrinho, Maromba, Orlandino, Dias e Zé Carlos; Dão, Antonio Walter e Bimbinha; Papita, petróleo e Zuza. Nos anos 70 participou de quatro seleções santarena,  pois a camisa seis já tinha dono, em todas que participou. Um futebol sério e técnico fez de Zé Carlos um atleta notável para qualquer equipe. Fez vária partidas em Belém defendendo as nossas cores e seu futebol foi deixando rastro significante chamando atenção dos cartolas e desportista da capital, foi quando Sabá, um dos abnegados do Papão mandou até passagem antecipada para Zé Carlos ir fazer teste no Paysandu, a reposta foi não. Seu jeitão calado e de pouca conversa, mas não pisasse no seu pé, pois não deixava pra depois. Aumentou assim a grande paixão pelo clube alvinegro, onde ficou jogando até 1976 no São Raimundo. Em 1977 a convite de Eduardo Fonseca e Elvio Fonseca vestiu a camisa tricolor do Fluminense permanecendo no clube até 1979. Quando abandonou a primeira divisão, Zé Carlos ficou jogando pelo time da COSANPA, onde trabalhava e em algumas partidas de Máster, quando era convidado. Só parou de praticar o bom futebol, quando o seu joelho já não agüentava mais.
A pescaria fazia parte da sua vida,gostava de exibir os peixes que pescava, era sempre um prazer sair para pescar ou consertar as malhadeiras danificadas pelos botos. Muitos dos seus amigos estão sentindo a saudade de vê-lo quase todos os dias na frente da sua casa, na sombra da árvore o seu jogo de dominó, agora quando passam apenas o silêncio sem o toque das pedras. Sua esposa Elcy, ainda não conseguiu se adaptar com a tamanha perda, juntamente com suas duas filhas. Dona Elcy olha para frente da sua casa e não ver mais o seu querido Zé Carlos sentado naquele na cadeira, ali quase todas as tardes, como ela fala em lágrimas: “Para mim, a ficha ainda não caiu.” Não caiu para todos nós dona Ely, mesmo sabendo que um dia iremos para junto do Pai, não acreditamos quando isso acontece, afinal Somos “Humanos Demais”. Zé Carlos era um colega parceiro no seu ambiente de trabalho, um companheiro amigo como atleta dos clubes que jogou, irmão que os outros irmãos podiam contar com ele e muito querido por todos. Amigos era o que mais ele tinha. Marido dedicado a esposa e a família. Tinha um amor angelical pelas suas adoradas filhas, cuidava delas como se ele fosse um anjo de proteção, mesmo depois delas adultas seu amor e carinho parece que aumentou muito mais. Tinha um sonho ser avô. E quando essa oportunidade apareceu, ele partiu antes de conhecer.
No dia do seu velório, ouvi um relato de alguém, que tinha ouvido de um dos seus amigos de jogo de dominó, que certa tarde/noite, quando sua filha Elcicarla, perguntara como ele estava, pois parecia que anteriormente ele tinha sentido alguma problema de saúde. Ele respondeu olhando para a barriga de sua filha, que está esperando o seu 1º bebê, que tudo estava bem! E prosseguiu falando ali naquele momento: “Não se preocupem comigo, eu ainda quero conhecer o meu neto e ele me conhecer, depois podem me levar!” Zé Carlos partiu e deixou viúva dona Elcineide, conhecida como Elcy e órfãs, as filhas, Elbicarla (28) solteira e Elcicarla (34) casada. Que Deus ilumine todos da família dando o conforto através da fé, que a família tem e que seja sempre acesa a esperança da ressurreição para que todos possam um dia permanecer juntos na vida eterna. Quanto ao nosso amigo Zé Carlos. Na nossa fé já sabemos, que o seu lugar junto ao Pai, está cumprido, pelo homem bom e generoso que sempre foi aqui na terra.
 

Santarém, 03 de agosto de 2012.
Raimundo Gonçalves   

TRADUTOR DE BLOG