DIVIRTA-SE COM ESSE JOGO

HOMENAGEM MIRA



Eles fazem parte do time, com lealdade, conhecimento e dedicação no que é a eles responsabilizado. Chegam a fazer milagres, segundos alguns dirigentes mais fanáticos. Eles são os eternos massagistas, infalíveis na beira do campo a qualquer time de futebol. Em Santarém já tivemos vários que chamaram atenção, mas, nenhum como o saudoso Luciano Santos (Lacrau), meio folclórico,  porém, de uma competência  ímpar para curar contusões em tempo recorde. Finalmente és que surgiu o mais comentado massagista da atualidade, já trabalhando a tempo com muita competência e dedicação a nobre profissão. Manoel Miramar Brito Pedroso (Mira).  Nascido na localidade de São Braz veio para Santarém ainda criança foi morar com seus pais adotivos na Av. Mendonça Furtado nos anos 60.
 Nunca passou pela sua cabeça um dia ser massagista, mas a loucura pela bola era notável para o garoto Mira. Porém ser introvertido lhe custava caro a chegar onde desejava. Com cheiro de bola, a tarde chegava de mansinho no campo do Veterano para assistir o treino do Bonsucesso, na expectativa de faltar um para ele ser convidado a treinar. E assim o nosso homenageado chegou também ao Veterano, mas dizia que era difícil jogar como titular. Convidado pelos colegas foi parar no São Raimundinho, comandado pelo seu Hildon Santos. E veio a primeira decepção, o time chegou bem na decisão do campeonato, ele como lateral esquerdo.Num jogo decisivo contra o São Francisco, os dois goleiros do Pantera não apareceram. Léo, meio campista, apontou o salvador da pátria para ser o goleiro improvisado, Mira. Como ele não sabia dizer não, aceitou o desafio, pois o São Raimundo jogava pelo empate. Para os atletas ficarem mais nervosos, no jogo de fundo era um estrondoso RaixFran, Elinaldo Barbosa lotado. O jogo prosseguia 0x0 e faltava menos de cinco minutos para terminar e o Pantera se sagraria campeão. No ultimo ataque do Leão, Léo, fica com a bola, mas acossado pelo atacante azulino e assim resolveu recuar para Mira. O goleiro se abaixa para encaixar a bola e a mesma devia e passa por baixo da sua perna.
Gol do São Francisco e a perda do título quase ganho. Imaginem o que o nosso goleiro passou depois desse frangão com o estádio lotado. Depois do estrago, mais taludo passou pela equipe do Náutico foi jogar o campeonato suburbano pelo Translider, do desportista Luiz Simões. Ali sim, conseguiu o seu primeiro título e outros que vieram a seguir, com os companheiros com essa formação: Rui, Gato, Barba, Cachorro e Mira; Meca, Ismael, Mário e Pintinho; Dorivaldo e Arrouba. Nosso homenageado começou a parecer no campeonato suburbano como lateral esquerdo e foi convidado para jogar no campeonato interno doTropical Hotel, hoje Barrudada para defender a equipe do Tupaiú, do desportista Oti Santos. Mira não só jogava de lateral como meio campo, característica do seu filho Maurian dentro de campo. Apareceu senhor de nome Clodoaldo, que estava hospedado no Hotel e que acompanhava os jogos internos e gostou do Mira como atleta e ofereceu uma passagem para ele fazer um teste no Botafogo de Ribeirão Preto. Nem pensar em sair de Santarém para ir onde não conheço ninguém, pensou Mira. Se era verdade daquele senhor não pôde saber, pois não aceitei sair de Santarém.
Nesta época começou a sentir algo que lhe chamava a atenção, e o seu sonho vinha à tona era se tornar um ortopedista, quando via um companheiro seu ou assistindo jogos, alguém se contundir, falava: Vai lá em casa, que eu massageio o baque, e fazia isso com dedicação e com muita seriedade. E assim nasceu o Mira, Massagista. O primeiro convite saiu do ex-goleiro do São Francisco Jorgeney. Como o massagista Maia tinha colocado o Leão na justiça, o clube ficou sem massagista e Mira aceitou. Trabalhou no São Francisco de 1996 a 1998. No ano seguinte deu uma passada pelo Flamengo e se dedicava ao Futsal trabalhando no elenco da Pulga. Em 2000 foi convidado a trabalhar no Pantera e em 2001 foi para o Fluminense, onde foi campeão. Retornou ao São Raimundo em 2002 e lá ficou até 2006. No ano seguinte percebeu que seu filho Mirinha estava no seu mesmo caminho, abraçando a mesma profissão, conversou com o filho e mostrou que apesar de todos pensarem que a profissão é fácil, mas não  é nada disso e ajudou o filho a concretizar o seu desejo. Continuou no São Raimundo apenas assessorando o seu Mirinha para ele desenvolver um grande trabalho no clube alvinegro e lá ficou até o título de Campeão Brasileiro.

 Sempre atento e acompanhando a trajetória do clube em 2009. Mira chama a esposa e mostra uma faixa, que mandou o João Paulo confeccionar para o São Raimundo, dois meses antes do Pantera ganhar o título. A frase de efeito era: “O sonho vira realidade”. Seu filho Maurian, atleta do São Raimundo, após terminar o jogo decisivo comemorava dentro de campo, balançando a faixa protagonizada pelo seu pai há dois meses antes de tudo terminar. Uma profecia que deu certo, mas, Mira não parava por aí. No ano de 2010 foi novamente convidado para trabalhar no São Francisco, que foi participar da segundinha, lá estava Mira, porém, não deu e o Leão saiu antes da hora. Para 2011 aceitou novamente um novo desafio e foi com o São Francisco para uma nova arrancada, e dizia consigo mesmo, o Leão precisa dar a volta por cima. MIRA nos conta que não foi fácil para o Leão, cada jogo era uma decisão e com muita gente não acreditando que o clube azulino passaria para uma próxima competição. Mas, Deus fica do lado de quem trabalha com a verdade e quer o melhor para todos, desabafava Mira. Quantas angústias e revolta por erros de arbitragem sempre contra nós, mas, todos estavam unidos em só um pensamento, a classificação, narrava o homenageado. “Lembro de alguns diretores que já se conformavam apenas na classificação fora da segundinha, porém, a conquista para a Elite do Parazão foi um prêmio pela luta daqueles que acreditavam no time. Depois de uma viagem em que o São Francisco continuava na luta pela classificação para a Elite.
Ao chegar em casa, falei para a minha esposa. “Vou lá no João Paulo”. A esposa respondeu: O que você vai fazer? “Deixa comigo, respondi.” Dentro de mim, eu dizia: “Seja o que Deus quiser!” E novamente Mira foi até o amigo João  Paulo e pediu para o mesmo fazer outra faixa, só que agora seria de outras cores e para o Leão, com a seguinte frase: “Há dez anos eu sofrir, hoje eu voltei a sorrir.” Talvez o amigo João Paulo achou o Mira meio louco, prevendo algo muito difícil, mas ele era o cara, acertou em cheio. São Francisco na elite do futebol paraense e o mesmo Maurian correndo no campo com a faixa, mostrando mais uma premeditação do seu pai carismático com suas previsões. Depois de um restabelecimento de saúde, Mira continua firme dentro do futebol santareno. Ao lado de seus familiares: Dona Lélia sua esposa e os filhos: Mulato (34), Mauro (31), Mauri (29), Maurian (27), Mirinha (25), May (23), Maurício (20), Maíra (19) e Piluco (17).

Santarém, 27 de Outubro de 2012.
Raimundo Gonçalves.          

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